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A governadora, os senadores e o deputado

Retorno de Arruda ao xadrez político prenuncia nova derrota da esquerda

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Autor/Imagem:
Marta Nobre - Foto de Arquivo

As eleições de 2026 em Brasília começam a ganhar contornos mais definidos após uma reviravolta jurídica que reabilitou velhos personagens. Com mudanças na Lei da Ficha Limpa, José Roberto Arruda, ex-governador que até pouco tempo figurava como inelegível, reaparece no tabuleiro eleitoral.

Filiado ao PL de Jair Bolsonaro, Arruda já tem destino traçado. Vai concorrer a uma das oito cadeiras de deputado federal pelo Distrito Federal, podendo levar junto mais dois candidatos, além de fazer o que já se admite nos bastidores uma bancada robusta na Câmara Legislativa.

A decisão sobre o destino de Arruda foi alinhavada em conversa com o senador Ciro Nogueira (PP) e Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, e marca o retorno de um nome que, embora polêmico, ainda carrega um valioso capital eleitoral. A movimentação, no entanto, não altera a lógica central do jogo eleitoral do próximo ano, uma vez que as peças maiores continuam avançando em suas casas.

O governador Ibaneis Rocha (MDB) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) são os protagonistas dessa disputa, mirando as vagas de Izalci Lucas (PL) e Leila do Vôlei (PSB), ambos em fim de mandato. Nesse embate, Ibaneis aposta em sua máquina administrativa e no apoio de setores empresariais, enquanto Michelle encarna a simbologia do bolsonarismo, com força junto ao eleitorado conservador e evangélico.

Arruda, por sua vez, cumpre papel estratégico. Além de buscar uma cadeira na Câmara, deve se tornar cabo eleitoral de Celina Leão (PP), atual vice-governadora e candidata natural à sucessão de Ibaneis. Sua presença fortalece a aliança entre PL e PP na capital da República, consolidando uma ampla frente conservadora capaz de atropelar qualquer sonho de poder da esquerda.

É a mesma velha a esquerda que permanece dividida, fragmentada entre PT, PSB, PSOL e REDE, incapaz, até o momento, de construir um projeto único. E que assiste, quase atônita, como espectadora coadjuvante, aos movimentos da direita e do centro, sem saber ao certo como romper a hegemonia política que se desenha no horizonte.

Embora o jogo não tenha começado oficialmente, as peças já se movem em silêncio. E, em Brasília, o xadrez político raramente guarda surpresas. Principalmente quando velhos jogadores, como o próprio Arruda, voltam a sentar-se defronte ao tabuleiro, onde movimenta com maestria seus peões, cavalos, bispos e torres. No próximo ano, especificamente, com um objetivo premeditado: deixar que a dama dê o xeque-mate em quem aparecer em seu caminho.

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Marta Nobre é Editora-Executiva de Notibras

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