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Obra da discórdia

Rollemberg deixa muro, derruba cerca, mas fica perdido

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Marta Nobre

Rollemberg (Rodrigo, governador) manda suspender obras na 207 Comercial, Sul. Atendeu, diz, a um pleito da comunidade; e, sociedade indica que não reelege atual ocupante do Palácio do Buriti.

Esses dois temas distintos, com a mesma figura, amanheceu estampado na imprensa de Brasília. E prova, como tem demonstrado Notibras ao longo do tempo, o estilo oscilante de uma gestão prejudicial ao Distrito Federal.

Esse quadro foi comentado por uma figura ilustre de Brasília nesta terça, 13, na condição de anonimato, por temer – empresário que é – eventuais retaliações. Mas deixa claro que o governador não tem as rédeas nas mãos.

É exatamente em razão dessa falta de pulso governamental, com situações no mínimo inusitadas, que Rollemberg experimenta tão baixos índices de aprovação e faz crescer, exponencialmente, sua rejeição junto à população, desabafa o interlocutor de um segmento da cadeia produtiva.

– Sem pretender entrar no mérito da polêmica criada em torno da obra da quadra 207 Sul, a decisão de agora é absolutamente irresponsável, do ponto de vista administrativo, econômico e financeiro, afirma.

Se os motivos que fundamentaram a decisão de suspender a construção já existiam, então por que não pararam a obra meses atrás, de modo preventivo, até discutir o mérito da questão?

Não. O governo novamente mostrou seu lado vacilante na tomada de decisões, gerando, de um lado, a expectativa do empresário de que continuou acreditando que poderia ainda investir; de outro, deixou durante todo esse período a comunidade vizinha em estado permanente de estresse, sem saber se a obra continuaria ou não.

– Foi uma decisão ruim para as três partes envolvidas, garante esse informante. E justifica essa posição, enfatizando que com a decisão de suspender a obra na forma como foi tomada, meses depois do início da discussão, o Buriti passa uma mensagem de insegurança ao empresariado, que a partir de agora ficará com medo de, a qualquer tempo, Rollemberg, movido por uma insuficiente capacidade gerencial, possa suspender um investimento.

É certo que a geração de emprego e renda depende, essencialmente, da iniciativa privada, do empresariado, que é responsável pelos investimentos. Tornar a parcela produtiva da sociedade refém de pequenos interesses coloca em risco a arrecadação de impostos e a própria sobrevivência econômica do Distrito Federal.

É certo também que a geração de empregos públicos já esgotou as finanças do governo, que sangra, mês a mês, para pagar servidores remunerados muito acima da média de mercado.

Assim, respeitada a manifestação de um representante da parcela responsável pela produção do nosso PIB, o caso da 207 é mais um emblemático exemplo de que enquanto as decisões de Estado se fundarem em politicagem de bairro, tomadas apenas para favorecer grupelhos, o Distrito Federal continuará com seu desempenho medíocre como ente federal.

Uma mediocridade, aliás, que se reflete nos índices de apoio ao governo, que muito mais que apontar para uma reeleição, retira do atual governo sua legitimidade e representatividade.

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