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Lurdinha e Lulu

Rosca espana, parafuso afrouxa e beijos e carícias ficam para uma outra hora

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Não tem a Lurdinha? O quê? Não conhece? Não é possível! Então, senta aí, que lá vem uma história, no mínimo, curiosa.

Maria de Lourdes Gomes de Almeida, 48 anos, mineira de Visconde do Rio Branco, radicada em Brasília desde o início do século XXI, após rodar muito por este Brasil de dimensões continentais. E foi na capital que conheceu Luciano dos Santos Rodrigues, carinhosamente apelidado de Lulu, pacato comerciante do ramo de parafusos.

Paixão, paixão, parece que não foi o caso, ainda mais por parte da moçoila. Quanto ao Lulu, é até possível que, em determinado momento, tenha existido, mas que logo se perdeu por conta da brusca queda de vendas no comércio. Foi como se o mundo tivesse deixado de consumir parafusos, justamente algo que mantém as partes unidas firmemente, pelo menos até que a rosca espane. Se espanou ou não, ninguém sabe, ninguém viu.

A despeito dos motivos que levaram a tamanho desacordo entre parafusos e roscas, a verdade é que, pouco antes disso acontecer, lá estava o casal em concorrida casa noturna do Distrito Federal. De tão afamada, havia até lema conhecido dos frequentadores: “Aconteça o que acontecer, o acontecido não pode vazar.”

Se vazou ou não, é algo incerto. Mas eis que, justamente naquela noite, Lurdinha parecia estar com a corda toda nos pés. Já Lulu, não estava para samba e, então, ficou o tempo todo sentado diante de latinhas e latinhas de cerveja. Por conta disso, vez ou outra, lá ia a mulher para a pista de dança gastar tanta disposição. E como dançou! Dançou tanto, que perdeu a conta de tantas vezes que flexionou os joelhos naquela infinidade de sobe e desce.

Finalmente, Lurdinha atendeu aos suplicantes pedidos do marido para irem embora. O casal, mal entrou em casa, se sentou no sofá da sala. Lulu, talvez empolgado com a pele trigueira da mulher, a beijou no pescoço, que, sutilmente, o repeliu.

— Ah, Lulu, outra hora. Dancei tanto, que tô toda espanada.

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Eduardo Martínez é autor do livro 57 Contos e Crônicas por um Autor Muito Velho’

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