Rios que escorrem histórias
Rostos que guardam o tempo
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Não são marcas são rios que escorreram histórias,
um pergaminho em tons de âmbar, escrito pela luz e pelo silêncio.
Cada vinco é o riso que ecoou em tardes distantes,
a lembrança adormecida da fé que um dia foi chama.
Dos teus olhos brota o orvalho de décadas,
lágrimas que esculpiram o granito da tua reserva.
A barba, espuma de mar em inverno sereno,
guarda em seus fios a fidelidade das manhãs.
E tua testa, ah, tua testa, é cume e é pergaminho,
onde o relâmpago e a sombra deixaram inscrições.
Não há falha, não há disfarce
apenas a nudez da verdade,
a dignidade que o tempo não apaga.
Tuas mãos, cálices abertos que acolhem e ofertam,
são solo fértil onde as horas repousam.
Cicatrizes narram abraços e jornadas,
pães repartidos, sementes que esperaram florir.
São altar antigo, taça que verte memória,
berço que embala sob a brisa da neve leve.
Mas o que mais reluz não é a profundidade da fenda,
é o ouro que cintila quando a dor se transforma.
Aquela luz que teu olhar projeta,
é sabedoria serena que a existência abriga.
Tu és templo onde o espírito repousa,
e cada linha do teu rosto é oração,
é canto,
é alvorada.