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Derrota da arrogância

Rússia x Ucrânia, os tiros com dias contados

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Autor/Imagem:
Antonio Eustáquio Ribeiro - Foto Reprodução/MSN Daily

Estão em curso discussões intensas acerca de um possível acordo entre Rússia e Ucrânia que ponha fim à guerra ora em desenvolvimento. O plano de uma possível paz, conforme noticiado, foi uma construção entre os EUA e a Rússia, que ignorou por completo a posição da Ucrânia e da União Europeia, a atual grande financiadora do conflito pelo lado da Ucrânia.

Após inúmeras reuniões envolvendo os atores, diversos pontos vão ganhando contornos definitivos, e diversos destes pontos vão ao encontro do que a Rússia alegava antes do conflito para justificá-lo. Questões como a anexação do Donbass que criaria um corredor de contenção para a Rússia, e o reconhecimento da Criméia como território russo, além da não entrada da Ucrânia na OTAN, são pontos que estão avançando. Todas estas questões foram colocadas pela Rússia como fundamentais para que não ocorresse a invasão.

Embora a União Europeia transmita indignação com as condições em discussão, o fato é que as conversas estão avançando, e estes pontos se tornando irreversíveis. Ou seja, como estão ocorrendo, as negociações caminham para uma solução pró Rússia, o que significa uma imensa derrota para a Ucrânia e a União Europeia, a grande incentivadora da continuidade do conflito.

Analisando o que está ocorrendo cabe uma pergunta desconcertante, porém necessária: qual o porquê desta guerra, se as condições em discussão são as condições cobradas pela Rússia antes dela? Porquê houve uma insistência da União Europeia e dos EUA durante o governo Biden, para forçar o ingresso da Ucrânia na OTAN, o principal elemento a causar a invasão russa, segundo Putin.

Há inúmeros elementos a justificarem uma guerra. Os da Rússia não podem ser ignorados, assim como os desejos da Ucrânia também não. Porém, caso houvesse uma diplomacia da paz em vez da diplomacia da guerra que conduz o comportamento de diversos países da União Europeia, especialmente, este conflito poderia ter sido evitado. A Rússia, antes da invasão, cobrava autonomia do Donbass, e não anexação como agora, visto que a região tem uma população predominantemente russa, e cobrava também a desistência da Ucrânia em aderir à OTAN, mas foi solenemente ignorada, talvez pela empáfia e arrogância da Europa e dos EUA à época.

O dado concreto é que quase quatro anos depois, uma destruição imensa das infra estruturas ucranianas, o deslocamento de milhares de cidadãos, um aumento significativo do custo de vida na Europa em decorrência do boicote à importação da energia russa , e o mais grave e vergonhoso, a enormidade de vidas perdidas por um conflito cujo resultado da diplomacia agora demonstra estar sendo absolutamente inútil.

Perdas financeiras são superáveis, mesmo causando imenso transtorno e sofrimento às pessoas. Mas e as vidas perdidas? Números dão conta de aproximadamente quatrocentas mil mortes no conflito, majoritariamente de soldados que deixam famílias destroçadas.

Sem desconsiderar a enorme responsabilidade da Rússia por ter sido a nação agressora, é necessário fazermos uma discussão honesta sobre a voracidade da OTAN que, em desrespeito a acordos firmados após o colapso da então União Soviética que previu a contenção daquela aliança militar quanto à sua expansão até as fronteiras russas continuou avançando.

Uma visão tosca, imperial e expansionista que está no cerne dos países da Europa, que movidos por uma paranoia de que a Rússia pretende invadi-la a qualquer momento, é, de certo modo, o centro da existência e da continuidade desta guerra inútil. Torçamos para que chegue a um fim o mais rápido possível e traga algum alento a dois povos tão sofridos, russos e ucranianos.

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Antonio Eustáquio é correspondente de Notibras na Europa

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