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Lembra disso, Celina?

Samambaia brota em calçada onde pau acerta Chico e Fabrício

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José Seabra, Diretor-Editor - Foto de Arquivo

Um zero à esquerda, inserido em um papel proposital ou intencionalmente, ou uma vírgula fora do lugar, no mesmo processo, podem mudar o rumo de muitas histórias, desde o Velho Testamento da Bíblia que fala sobre a história do surgimento da humanidade, até os pecadores atuais, muito, mas muito tempo depois de Eva morder a maçã. O veneno da serpente espalhou-se, mesmo passados milhares de anos, e agora ameaça contaminar mortalmente uma leoa.

O zero e a vírgula em questão voltam à tona cerca de 15 anos depois, emergindo do Mar Morto e ameaçando provocar um tsunami devastador capaz de afogar e acabar com a carreira política da governadora-tampão Celina Leão (PP), que faz do Palácio do Buriti o jardim do quintal ou da varanda onde ela mora.

Há apenas um dilema – fazer ou não fazer, eis a questão. O fazer, significa o Ministério Público de Contas junto ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, folhear e usar uma lupa capaz de identificar zeros e vírgulas supostamente colocados aleatoriamente nos processos de números 142.000636/2008, 142.000183/2008, 142.000643/2008 e 142.000262/2008.

Na eventualidade de a investigação ser reaberta, os promotores descobrirão, sem muito esforço, que Pau que dá em Chico, não dá também apenas em Francisco, mas cai com a força de um martelo de Thamis feito à base de peroba, sobre a cabeça de Fabrício.

O citado alvo da paulada retumbante nos Chicos e Franciscos, vem a ser Fabrício Faleiro Ferreira Hizim, marido da governadora-tampão, que deve continuar mandando e desmandando na capital da República por cerca de mais 40 dias, até que o dono da cadeira, Ibaneis Rocha (MDB), engula a última pílula do amargo remédio prescrito por Alexandre de Moraes, numa receita para curar eventuais males provocados por suspeitos insuspeitos de atiçarem o golpismo em Brasília no dia 8 de janeiro.

Sobre os quatro processos, todos do final da primeira década deste século, consta que aquele que seria hoje o ‘primeiro-damo’ de Brasília, ganhava, diretamente ou por meio de laranjas, disputas via carta-convite para construir calçadas e parques infantis, além da colocação de meio-fio nas vias e Samambaia. Coincidência ou não, Fabrício é marido de Celina, à época chefe de gabinete de Jaqueline Roriz e, já em 2010, eleita deputada distrital.

O dilema está posto. O MP abre a caixa preta de Samambaia, ou ficará matutando sobre o famoso To be, or not to be de Hamlet? Em conversa com Notibras, um conselheiro do TCDF foi categórico: se mexerem nisso, verão que as sementes se espalharam fazendo brotar ervas daninhas. E mais: o príncipe de Shakespeare deu lugar ao seu homólogo de Maquiavel, para quem A soberania se conquista através da astúcia e da traição, conserva-se através da mentira e do homicídio, perde-se pela lealdade e pela compaixão.

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