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Policial sem noção

Santana, cansado, joga estresse para a vítima

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez* - Foto Produção Irene Araújo

O plantão da delegacia estava abarrotado, mas o agente Ricky Ricardo precisou designar dois policiais para um local de furto em residência. Chamou o Pedro, um dos mais competentes da delegacia. No entanto, para acompanhar o colega, estava sem melhores opções e, por isso, mandou o Santana. Que lástima! Fazer o quê?

Os dois agentes, já na viatura a caminho do local de crime, tiveram que enfrentar um engarrafamento. Pedro, ao volante, procurava encontrar uma brecha entre os carros para chegar logo, enquanto o Santana, com aquela vontade louca de acender mais um cigarro, abriu a janela da viatura. As baforadas começaram a sair da chaminé instalada entre o nariz e o queixo do antigo policial.

Quase meia hora após, eis que os canas estacionaram em frente a uma casa na parte mais nobre da cidade. Pedro, mas ágil e proativo, desceu do veículo para desenrolar aquela situação. Quanto ao Santana, com os costumeiros movimentos de bicho-preguiça, ainda quis acender outro cigarro antes de descer da viatura.

Pedro, serelepe que nem esquilo, sacou um pequeno caderno e uma caneta do bolso a fim de começar a anotar os detalhes para começar as investigações. Também precisava averiguar possíveis pontos de vestígios deixados pelo ladrão para que a seção de perícia fosse acionada. Quando o policial estava conversando com a dona da residência, eis que o Santana surge. Pedro, que já conhecia o modus operandi do colega, se afastou para procurar alguma pista, enquanto Santana e a vítima conversavam.

— Por onde o ladrão entrou?

— Por aquela janela.

— Hum… O ladrão entrou por aquela janela?

— Sim.

— Entrou por aquela janela?

— Isso.

— O ladrão entrou por aquela janela, né?

— Foi o que eu disse.

— Hum… Então, a senhora está me dizendo que o ladrão entrou por aquela janela ali?

Após quase 10 minutos naquela lenga-lenga, a mulher começou a se irritar com o Santana. Pedro, percebendo a situação, tratou logo de puxar o colega pelo braço e ir embora, mesmo porque sabia que precisava retornar o mais rápido possível para a delegacia, pois Ricky e Evelina estavam sozinhos para atender aquele mundaréu de gente. Mal entraram na viatura, o Santana, com a cara mais cínica do mundo, ainda quis se fazer de desentendido.

— Você viu aquela mulher, Pedro? Que estresse foi aquele? Esse mundo está mesmo perdido!

*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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