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Saraiva liberou senhora para fazer xixi. E morreu em banheiro de aeroporto

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José Escarlate

Ele estava iniciando mais uma de suas muitas viagens, para acompanhar o presidente João Figueiredo em visita ao nordeste. Viajava na quinta e voltava no sábado, quando tinha voo. Aquilo era rotina para os repórteres palacianos. Embarque e desembarque em aeroportos, tendo ainda que aguardar conexões, muitas vezes demoradas.

Francisco Nogueira Saraiva, repórter de rádio, era furão, alegre, descontraído, irreverente, mesmo. Com seu forte sotaque nordestino, conseguia se destacar no cenário do rádio brasileiro, principalmente em uma emissora que lançara grandes locutores,como a rádio Guaiba de Porto Alegre. Saraiva, com seu estilo mesmo arrastado era líder em audiência na Guaiba.

No Ceará, foi repórter da Ceará Rádio Clube e, antes de vir para Brasília, esteve em Nova York , sendo entrevistado pela Voz da América. Desde cedo se fez respeitado e querido pelos colegas no Palácio do Planalto. Nogueira Saraiva acompanhou vários presidentes da República em viagens internacionais.

Dia 29 de novembro de 1984, Saraiva embarca bem cedo no aeroporto de Brasília para acompanhar o presidente. Bem que tentou um voo direto para Recife. Quinta-feira, aviões lotados, principalmente por parlamentares. Por falta de lugar, teve que se submeter a uma escala no Rio, onde faria uma demorada conexão para troca de aeronave.

De olho na bagagem, nos equipamentos de filmagem da Organização Brasileira de Notícias, do Wanderval Calaça, que ele comandava, e na conexão que poderia acontecer a qualquer hora. Bebeu um café meio apressado e foi ao banheiro do aeroporto internacional do Galeão, antes do embarque. Um minuto depois, colocou a mão no peito e caíu, vitimado por um infarto fulminante. Ainda tentaram socorrê-lo, mas já era tarde.

Os companheiros de viagem que estavam com ele ficaram aturdidos. Muitos choravam e lembravam que minutos antes ele estava elétrico, como, sempre fora em vida. Recordavam diversas passagens de sua carreira.

Em uma delas, numa viagem do presidente Ernesto Geisel a Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, o avião fez escala em Foz do Iguaçu. Os passageiros foram colocados em uma sala, para aguardar o reabastecimento da aeronave. Uma senhora, empresária de pneus em Brasília, pediu ao segurança do aeroporto para ir ao toilete.

O homem negou, com um “não pode” autoritário. Saraiva tomou as dores da empresária e chamou o segurança às falas. Com a carteira da Presidência da República nas mãos, exibida para o homem, abriu a porta e disse firme para a senhora: “Pode ir, minha senhora. Eu autorizo. Vá mijar!”. E a mulher partiu correndo, mostrando que estava realmente apertada.

Alí, Saraiva ganhou a viagem e os agradecimentos da empresária. Seus parceiros desde Fortaleza, Rangel Cavalcanti e Wilson Ibiapina contam que Saraiva foi um dos fundadores da Casa do Ceará, em Brasília, lembrando que ele só bebia uísque com limão. Explicando o estranho gosto respondia com ar de enfado:”É porque eu gosto, e pronto”.

PV

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