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Devoradora de ovos

Sarita, a gambá do quintal da casa da minha avó

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Martinha Oliveira

— Sarita?

— Sarita.

— Mas por quê?

— Por que o quê?

— Esse nome.

— Ué, já reparou que ela tem cara de Sarita?

E lá estava eu observando aquele bicho com cara de gambá, quando fui obrigado a concordar com a minha avó, que acabara de descascar um ovo cozido e colocá-lo em um suporte na goiabeira. Sarita, talvez desconfiada pela minha presença, relutou um pouco em ir até a iguaria. No entanto, bastou uma troca de olhares com minha avó para a danada mostrar toda a sua agilidade por aqueles galhos escorregadios.

— Ela adora ovo cozido.

— Deu pra perceber, vovó.

— Pois é.

— Ela está aqui há muito tempo?

— Desde fevereiro, logo após o carnaval.

— Sabe de onde ela veio?

— Não, mas ainda bem que veio.

— Por quê, vovó?

— É que por aqui tava dando muita lacraia e até escorpião.

— E o que tem isso a ver?

— Mucuras comem esses bichos. Comem até cobras venenosas.

— Sério?

— Sério.

— Mas e se forem picadas por esses bichos?

— Não tem problema. Elas são imunes ao veneno.

Vovó foi até a cozinha para começar a preparar a comida. Era domingo, dia de almoço em família. Fiquei por um momento ali no quintal observando a Sarita terminar de comer aquele ovo cozido. Desde então, passei a olhar os gambás com outros olhos. Ah, também soube que, além de mucura, também são conhecidos como saruê.

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