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Satélite estuda 1 bi de estrelas para mapear Via Láctea

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Um mapa tridimensional da Via Láctea começa a ser produzido por um dos objetos mais caros e avançados já lançados pelo ser humano ao espaço. Embora superlativos, os números não dão conta de dimensionar o verdadeiro tamanho da empreitada: 1 bilhão de estrelas investigadas, centenas de pesquisadores de diversos países envolvidos e 1 bilhão de euros (cerca de R$ 3,3 bilhões) investidos.

Esses esforços financeiros e científicos foram necessários para a concretização da Gaia, missão da Agência Espacial Europeia que atingiu sua órbita em janeiro para revelar a, partir de agora, a composição, a formação e a evolução da nossa galáxia.

Além da quantidade de estrelas monitoradas, cerca de 1 bilhão, a missão se diferencia pela qualidade dessa observação. “Isto é, a precisão com que realizará medidas astrométricas, fotométricas e espectroscópicas. Os dados irão solucionar um problema fundamental de toda a astronomia, que é o conhecimento das distâncias dos astros de maneira confiável. Sem o conhecimento das distâncias, não podemos converter aquilo que observamos, aparente, em absoluto. Em resumo, o Gaia nos revelará o Universo em três dimensões”, descreve Ramachrisna Teixeira, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).

Mesmo assim, talvez o tamanho do desafio ainda não esteja claro. Por isso, o professor explica: “Para se ter uma boa ideia, basta lembrar que atualmente conhecemos ‘bem’ a distância de aproximadamente 30 mil estrelas e passaremos a 150 milhões. Ou ainda, atualmente conhecemos ‘muito bem’ a posição de aproximadamente 700 estrelas e passaremos a 18 milhões”.

Assim, a maneira restrita como o ser humano vê o universo tem data para acabar. Os primeiros resultados do Gaia deverão aparecer por volta de 2017, e os resultados definitivos, em 2020. Equipado com dois telescópios, fotômetros azuis e vermelhos e espectrômetro de velocidade radial, o satélite não enviará imagens à Terra, e sim números que representam a intensidade de luz e as posições relativas das fontes, elucida Teixeira. “Com o nível de precisão do Gaia, muitas novidades em termos da origem, estrutura e evolução da Galáxia e das estrelas são esperadas”. Espera-se também a detecção de planetas extrassolares e asteroides ainda não contabilizados no Sistema Solar.​

Teixeira co-orientou, em conjunto com Christine Ducourant (Observatório de Bordeaux), uma tese de doutorado no IAG sobre o tratamento e a análise de dados que podem ser obtidos com o Gaia. A pesquisa levou o aluno Alberto Krone Martins para Lisboa, onde desenvolve seu trabalho com cientistas europeus.

Para o professor, essa colaboração entre diferentes países em prol da ciência é um dos aspectos mais relevantes da missão. “Esses esforços, além de essenciais, representam uma das páginas mais belas da relação humana: a união entre nações, povos e culturas distintas em busca do conhecimento. É simplesmente fantástico”, encerra.

Em janeiro, sem muito alarde, o satélite europeu chegou a sua órbita planejada, a 1,5 milhão de quilômetros da Terra (no sentido contrário ao do Sol). Mas o que o satélite orbita de fato? Na verdade, nada. É um dos chamados pontos de Lagrange (L2), ideias para a missão. Markus Landgraf, analista no centro de operações da ESA em Darmstadt, na Alemanha, explica: “São pontos onde as forças gravitacionais entre duas massas, como o Sol e a Terra, se somam para compensar pela força centrífuga do movimento da Terra ao redor do Sol, e proveem oportunidades vantajosas de observação para estudar o Sol e a nossa Galáxia”.

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