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Novela para no STJ

Se alguém gritar Sistema S, não sobrará um, meu irmão

Publicado

Autor/Imagem:
Kleber Ferriche

Ésse, letra S. Assim é conhecido um gigantesco sistema que envolve as confederações da Agricultura (CNA), da Indústria (CNI) e a do Comércio (CNC). Mas é a Confederação Nacional do Comércio, nesse momento, o foco de uma disputa regional pelo controle de seus dois serviços conhecidos nacionalmente: o Sesc e o Senac, destinados a oferecer benefícios sociais e instrucionais – formação de mão de obra – aos trabalhadores do comércio, respectivamente.

A novela envolve somas milionárias e o braço da CNC no Rio de Janeiro. Uma desavença entre os presidentes nacional da Confederação, Antônio Oliveira Santos, e o da Federação do Rio de Janeiro, Orlando Diniz, vai ser examinada pelo Superior Tribunal de Justiça nesta terça-feira, 6.

Entenda o caso: Santos, de 90 anos, dos quais 36 à frente da sua CNC e conhecido como o coronel do comércio, mandou para o Rio de Janeiro o empresário cearense Luiz Gastão Bittencourt como interventor. Ele bateu à porta da Federação do Comércio carioca ao lado de um oficial de Justiça, com a missão de desalojar Orlando Diniz, atual presidente.

Gastão, além de presidir a Federação do Comércio do Ceará, tem em seu portfolio mais de uma dúzia de empresas pertencentes a familiares. Entre elas as famosas Serval Serviços de Limpeza, Auxílio Agenciamento de Recursos Humanos e a Umanizzare, esta uma administradora de presídios. São notórias pelas doações de campanhas a políticos do Norte e Nordeste e por massacres de apenados nas dependências administradas por ela.

No Amazonas a prisão de seus beneficiários em doações para eleições, o ex-governador José de Melo e sua esposa, Edilene Oliveira, completou um mês. Pode ser que a Umanizzare ofereça ao casal algum conforto especial, caso eles sejam mantidos nas dependências que o próprio José de Melo entregou aos cuidados da empresa.

O filho de Gastão, Luiz Fernando, aparece no enredo como administrador das empresas e amigo de figuras conhecidas, como Eunício Oliveira, Sérgio Cabral e Adriana Anselmo. Gastãozinho movimentou, segundo cálculo de investigadores, mais de um bilhão de reais em exercícios recentes, obtidos com contratos em governos dos Estados do Norte e Nordeste.

Na sala que era de Orlando Diniz no Rio de Janeiro, segundo o desalojado, Gastãozinho aumentou despesas, contratou funcionários sem necessidade e anarquizou a administração federativa fluminense.

Diniz quer sua cadeira de volta com o argumento de que o mandante nacional despachou para o Rio um interventor com uma ficha corrida interminável, sem a menor legitimidade, exclusivamente porque discorda das ações de Santos à frente da CNC.

Por sua vez, Santos não quer deixar fora de seu controle um dos maiores mercados de comerciários do país. Pelo menos o cenário é próprio para tiroteios.

A julgar pelo tempo em que ambos estão no exercício do poder das entidades mãe e filha, melhor pegar emprestado na cinemateca abandonada de Cabral, que deve ter sido requisitada pela Umanizzare, o filme com Walter Matthaw e Jack Lemmon, Buddy Buddy, dos anos 80 – no Brasil “Amigos, amigos, negócios à parte” – e sentar para comer pipoca enquanto o STJ desata o nó.

Dizem que corre por fora outro federado carioca, caso a cadeira de presidente da Fecomércio-RJ seja impedida aos brigões pela Justiça, colocando um ponto final no litígio. O problema é que o candidato da terceira via comercializa tornozeleiras eletrônicas. Pode estar de olho em algo mais do que o gabinete da Federação, no momento em que a procura é muito maior que a oferta de seu produto.

Esses ésses…

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