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Blefe dos dois lados

Se Trump atacar o Irã, Israel vira alvo. Quem sobrevive?

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Bartô Granja, Edição

O presidente da comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano, Mojtaba Zolnour, alertou em entrevista à rede de TV Al-Alam, em árabe, que se os Estados Unidos atacarem o Irã, “Israel permanecerá apenas meia hora de pé, com vida útil”, sinalizando que qualquer ação ofensiva ordenada por Donald Trump terá uma ‘reação apocalíptica’.

A declaração foi feita como pano de fundo das crescentes tensões regionais devido ao agravamento dos laços entre os EUA e o Irã. Uma fonte de inteligência israelense, por sua vez, alegou que o Irã pode tentar provocar Israel ao longo de uma de suas fronteiras para tentar escalar as hostilidades em curso com os americanos.

As tensões entre os EUA e o Irã aumentaram no mês passado, após um aparente ataque de sabotagem contra dois petroleiros ao largo da costa do Irã, no Golfo de Omã. Washington imediatamente culpou Teerã pelos ataques, enquanto o Ministério das Relações Exteriores iraniano acusou o governo Trump e seus aliados israelenses e do Estado do Golfo de deliberadamente escalar a situação para “encobrir” o “terrorismo econômico contra o Irã” dos EUA.

As relações entre Irã e Israel também permanecem tensas, com o Estado judeu acusando repetidamente a República Islâmica de apoiar grupos “terroristas” como o Hezbollah e o Hamas, e de travar guerras por procuração em países como a Síria, o que poderia ameaçar a segurança de Israel. O Irã negou as acusações, acusando Israel e seus aliados de se envolverem em agressões militares em toda a região.

Zolnour refutou a afirmação recente do presidente Trump de que ele teria supostamente impedido um ataque militar ao Irã com apenas 10 minutos antes de o país dos aiatolás ser bombardeado. “Isso é blefe político”, disse o congressista iraniano. “Se eles [os americanos] tivessem previsto que seu ataque seria bem-sucedido, eles não o teriam cancelado e isso definitivamente teria acontecido”, frisou.

O comentário foi feito após a declaração de Trump, dizendo que havia “parado” um ataque militar contra três alvos no Irã 10 minutos antes de ser lançado, após descobrir que cerca de 150 pessoas morreriam.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, também lançou dúvidas sobre as declarações de Trump.

“Você (Trump) estava realmente preocupado com 150 pessoas? Quantas pessoas você matou com uma arma nuclear? Quantas gerações você eliminou com essas armas?”, numa referência ao devastador bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945, que praticamente encerrou a Segunda Guerra Mundial.

As declarações de Trump foram precedidas pelo IRGC (Gabinete da Guarda Revolucionária Islâmica) dizendo em 20 de junho que haviam derrubado um drone norte-americano da Northrop Grumman RQ-4 Global Hawk sobrevoando a província de Hormozgan, na costa sul do país, por violar o espaço aéreo iraniano.

O Comando Central dos EUA, por sua vez, disse que o veículo aéreo não tripulado foi atingido enquanto operava em águas internacionais no Estreito de Hormuz. Os acontecimentos agravaram os já tensos laços entre Teerã e Washington, que vêm se deteriorando desde que Trump anunciou a retirada dos EUA do acordo nuclear com o Irã de 2015, também conhecido como Plano de Ação Integral Conjunto (JCPOA) em 8 de maio de 2018. disse que ele estava restabelecendo duras sanções econômicas contra o Irã.

Exatamente um ano depois, Teerã anunciou que suspendeu algumas de suas obrigações sob o JCPOA, no que foi seguido por mais sanções anti-iranianas dos EUA e o envio de um grupo de ataque de porta-aviões para o Oriente Médio, no que foi descrito nos meios diplomáticos ocidentais como uma “mensagem” para o Irã.

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