Sentindo na pela
Seca no Nordeste é um problema antigo que clama por soluções
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O céu aberto, o chão rachado, o gado magro e a plantação estéril: essa ainda é a paisagem de muitos sertões nordestinos. A seca no Nordeste não é novidade. Há séculos, o fenômeno atinge milhões de nordestinos, afetando a agricultura, a economia local e, sobretudo, a dignidade de quem vive da terra. O problema, porém, não é só a falta de chuva — é, principalmente, a ausência de políticas eficazes e contínuas que enfrentem essa realidade com justiça e respeito.
As chuvas irregulares e escassas transformam longos períodos em verdadeiros testes de sobrevivência. Municípios inteiros enfrentam racionamento de água, caminhões-pipa viram salvação provisória, e o êxodo rural se torna inevitável para muitas famílias. O drama é constante: lavouras perdidas, criações morrendo e uma população inteira vivendo no limite.
Apesar dos avanços tecnológicos, como cisternas e barragens, muitos projetos esbarram na lentidão política, na má gestão dos recursos públicos e no abandono de comunidades mais isoladas. O Projeto de Integração do Rio São Francisco, por exemplo, prometia levar água a milhões, mas ainda sofre com atrasos, falta de manutenção e desigualdade na distribuição.
A luta contra a seca exige mais do que promessas. Requer investimento em infraestrutura hídrica sustentável, incentivo à agricultura adaptada ao semiárido, apoio técnico aos pequenos produtores, preservação do meio ambiente e, acima de tudo, escuta ativa às comunidades afetadas.
É preciso entender que conviver com a seca não é aceitá-la como castigo, mas sim enfrentá-la com inteligência, solidariedade e ação. O povo nordestino já mostrou sua força inúmeras vezes. O que falta é vontade política para transformar essa força em direito garantido: o direito à água, à produção e à vida digna.
Enquanto a terra clama por chuva, o sertanejo clama por soluções. E é hora de o Brasil escutar esse clamor.