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Escala no purgatório

Sede de poder mata ego, alma e enterra políticos que traem e são traídos

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Autor/Imagem:
Misael Igreja - Foto Editoria de Imagens/IA

A mesma sede de poder que faz o homem altivo, lentamente o leva ao declínio. É dizer que a sede de poder gera consequências irreparáveis para o sedento. O que faz um homem dar a vida pelo poder? A expressão implica sacrificar tudo, inclusive a própria vida para alcançar e manter o poder. Como diz o pensador, o poder não é um direito. É um privilégio. Para mantê-lo é preciso estar disposto a dar a vida por ele.

No Brasil e no mundo, parece que todos que o alcançam lutam, esperneiam e, se puderem, matam para não perdê-lo. Em qualquer tempo ou lugar, o poder revela o homem. Ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden é o protótipo mais conhecido de que o estranho desejo de poder é o mal da grandeza humana. Está na Bíblia que “Terás alegria ou terás poder, mas não terá ambas”. Joe Biden optou por morrer na cadeira de presidente dos Estados Unidos.

Perdeu a batalha para um adversário que tem certeza de que o poder político nasce do cano de uma pistola .40. Pelo menos a vitória do antagonista permitiu a Biden descobrir um inimigo ainda mais letal: o câncer. O resultado é que sua vida está por um fio desencapado. Talvez não lhe sobre muito tempo para assistir à derrocada daquele que preferiu a ambição do poder à paixão do povo pelos políticos de bem.

Muitas pessoas são movidas pelo desejo de alcançar o topo da hierarquia, seja em uma organização, em um partido político ou em um grupo social. Embora seja considerado um fenômeno complexo, o poder é visto como um meio ambicioso de se alcançar objetivos pessoais, de se tornar uma figura importante e de deixar uma marca na história. Poucos conseguem. Poucos também usam o poder de que dispõem em benefício da sociedade.

Com a mesma rapidez da luminosidade papal, chegam os cabelos brancos, o desejo ardente da continuidade, a ojeriza pelo povo que não o elegeu, o comprometimento físico, a vulnerabilidade mental, a brochura e a inevitável berlinda. É nessa fase que todos mostram quem são. Conforme textual de Abraham Lincoln, praticamente qualquer um pode suportar a adversidade, mas, se quer testar o caráter de alguém, dê-lhe poder.

Os homens com sede de poder sabem que carregam um fardo pesado. Sabem também que o custo aumenta a cada ciclo disputado. Por isso, preferem morrer a deixar de tê-lo. O que a maioria desconhece é que o poder é perigoso: ele atrai os piores e corrompe os melhores. Para o historiador inglês John Emerich Edward Dalberg-Acton, mais voraz é o poder absoluto, aquele que corrompe absolutamente. Temos contra esses os dias e as horas. Não há dor que dure para sempre. Confiemos no poder do tempo. O mais importante é o conhecimento sobre o poder do povo, cuja força é infinitamente maior do que todos aqueles que estão no poder. Quanto aos políticos que vendem o ego, a alma e o próprio corpo, traindo e sendo traído, só resta o purgatório criado por Dante Allighieri.

Pensemos nisso.

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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais

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