Iguais em tudo
Segredo revelado do pai, 03 é o filho que o pai merece
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No Dia dos Pais, que tal uma mensagem dirigida diretamente para o “melhor” pai do ano? Como para a maioria dos brasileiros, o pai da referência é pior do que o pior dos padrastos, o torpedo é simples: Descanse em paz. Vá e não volte nunca mais. Mas o que fazer se pai é pai. Filho do “homenageado” especial do dia, 03, o deputado fujão Eduardo Bolsonaro, não esquece das aulas ministradas pelo pai desde os tempos das bombas nas bancas de jornais e na sede da seccional da OAB do Rio de Janeiro. O fracassado atentado ao Rio Centro não conta, pois morreu quem iria matar.
Como um daqueles pensadores de coisa alguma, o filho certamente dirá ao pai por telefone que, mesmo dos Estados Unidos, é nos olhos paternos que vem encontrando a sabedoria acumulada ao longo dos anos para torpedear, sem dó e nem piedade, seus compatriotas. Com base nos conhecimentos tirânicos, 03 já convenceu Donald Trump a sacanear o povo brasileiro, estimulou a recente palhaçada dos aliados nas duas casas do Congresso Nacional e contribuiu para as sanções e desqualificação do ministro Alexandre de Moraes, cujo crime é não se acovardar diante da covardia patriótica dos que defendem criminosos.
No fim da conversa com o pai, entre lágrimas de crocodilo, 03 ainda terá tempo de dizer ao “mestre” que não está nem aí para o eleitorado de São Paulo e que, dia após dia, percebe que cada ensinamento patriótico recebido no bendito lar é uma joia rara que carrega consigo. Como todo esse decantado pedigree, tem fanáticos que adoram dizer que o filho é o espelho do pai. Alguém tem dúvida? São iguais na aparência, no comportamento, na incompetência, na falta de valores, na perversidade e, sobretudo, na desumanidade.
Está na Bíblia que, muitas vezes, o filho é o segredo revelado do pai. Com todo respeito à mãe, mas todo filho tem o pai que merece. Ou será o contrário? Tanto faz, porque, nesse caso, a ordem da maldade não altera o malvado. São farinha do mesmo saco e assim permanecerão até o fim dos tempos. Tomara que seja bem antes. Tomara que seja logo em setembro. Já li e reli vários escritos sobre o filho e sobre o pai. Perdão pela sinceridade, mas nenhum que presta.
Sem exceção, além da ausência de bons conteúdos, só há textos reacionários, personalistas e antipatrióticos, consequentemente apinhados de ataques à democracia. Nas poucas vezes em que não atacam, se defendem deles mesmos. Dizem os pensadores que um pai sábio deixa que os filhos cometam erros para corrigi-los mais adiante. Infelizmente, não há acertos entre o pai e o filho desta narrativa. Pelo contrário. Os erros do filho são estimulados pelo pai.
São a razão da máxima de que o Pai Celeste inventou o homem por estar desapontado com o macaco. Longe de mim achar que disponho de alguma superioridade espiritual para me imaginar sugerindo recados. Entretanto, se pudesse, faria a 03 apenas um pedido: Se não tem um bom pai, é preciso arranjar um. E rápido. Por enquanto, peço ao Pai para que os perdoe, pois eles realmente não sabem o que dizem. Imagina o que fazem.
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Sonja Tavares é Editora de Política de Notibras