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Reminiscências

Serviço no BB fica marcado por vozeirão do Samuca

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Acervo Pessoal

Durante meus 17 anos no Banco do Brasil, fui lotado em alguns locais e trabalhei com centenas de pessoas. É verdade que já faz muitos anos que saí de lá, mas ainda possuo alguns amigos desse tempo, que faço questão de conservar. Um deles é o Samuel. Aliás, Samuel Machado Francisco, se bem que também é conhecido por Samuca.

Para quem vê pela primeira vez o Samuel, talvez se engane com aquela cara de homem brabo, ainda mais quando ouve aquele vozeirão. No entanto, para alívio de quem lhe é apresentado, logo vem aquele sorriso mais acolhedor do que colo de vovó em final de semana.

Excelente nas contas de cabeça, dispensava a calculadora na maior parte do tempo. Esta era usada apenas quando a lista de itens era enorme. E lá ficava eu ao lado do Samuel, enquanto ele dedilhava a calculadora tão rapidamente, que até saía faísca das teclas. Não raro, aquela cena me reportava a um dos pioneiros do rock and roll, o Jerry Lee Lewis, que arrasava no piano.

Por falar em música, quando havia alguma comemoração no final do expediente, alguém costumava se lembrar de alugar uma máquina de karaokê. Gosto de música, mas até debaixo do chuveiro canto completamente fora de ritmo. Um desastre! Quanto ao Samuel, diria que é o que costumamos chamar de cantor eclético.

O timbre da voz do Samuel é algo entre Altemar Dutra e Sidney Magal e, por sinal, ele canta tais artistas com maestria. Todavia, não pense que o repertório do meu amigo fica por aí, pois sabe ser suave como o Paulinho da Viola, mas, a qualquer momento, pode surgir aquela potência do Emílio Santiago.

Se o Samuca é um mestre da arte de cantar, isso não o impede de mostrar outra de suas facetas: o humor. Aqui vale um adendo sobre uma brincadeira que ele adorava fazer com a Norminha, a sua esposa, por quem o Samuel sempre se mostrou muito apaixonado.

Pois bem, lá estávamos no Banco do Brasil, final de expediente, todos arrumando as coisas para ir para o lar, doce lar, quando o Samuel pegava o telefone e ligava para a Norminha. Um detalhe: ele colocava o telefone no viva-voz para que todos tivessem aquele momento de risada coletiva, talvez para retornarmos no dia seguinte com mais disposição pro trabalho. Coisas de chefe.

– Oi, Norminha! Tudo bem por aí?

– Oi, meu amor! Que saudade!

– Já posso ir pra casa ou quer que eu fique por aqui por mais meia hora?

– Ué, claro que pode.

– Tem certeza?

– Tenho. Por quê?

– Sei lá. Vai que eu atrapalhe algo que esteja acontecendo por aí.

– Samuel, pare com isso! Você sempre com essas brincadeiras bobas. Vem logo, que estou morrendo de saudade!

Engraçado que, ao escrever tais linhas, percebo que os momentos mais marcantes que passei nos meus tempos de Banco do Brasil são esses de descontração com meus colegas, muitos dos quais continuam amigos até hoje. Não tenho muitas lembranças do serviço em si, mas as risadas das pessoas ainda ecoam nos meus ouvidos, e, certamente, a gargalhada do Samuca se destaca das demais.

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