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Demorou...

Sinal fechado, papo imaginário de Zé Mané e Zé Otário, e o narcotráfico

Publicado

Autor/Imagem:
Ka Ferriche - Foto Editoria de Artes/IA

– Olá, Zé Mané, como vai?

– Eu vou indo, Zé Otário, e você, tudo bem?

– Tudo bem, eu vou indo pegar meu lugar no futuro, e você?

– Tudo bem, Zé Mané, eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem sabe?

– Um sono tranquilo vivendo em território dominado pelo exército paramilitar do narcotráfico? Finalmente a polícia venceu uma, mandou mais de cem criminosos para onde vários políticos, autoridades, jornalistas e policiais militantes deveriam ir. Demorou…

– Quanto tempo, pois é, quanto tempo…

– Foram cinco anos de proibição de apreensões de armas e prisões de criminosos nas favelas do Rio de Janeiro, determinada pelo STF, Zé Otário. E ninguém questiona de onde vem tanta proteção, sem falar da chuva de habeas corpus caindo sobre os morros abençoados pela Justiça brasileira.

– Pois é, Zé Mané, mas a desculpa foi a pandemia e o esquecimento. Dizem que era para proteger as pessoas nas comunidades. As mesmas pessoas que são reféns todos os dias e noites dos traficantes.

– Zé Otário, vamos supor que exista uma terra que é governada por um grupo de ex-guerrilheiros simpatizantes dos narcotraficantes. E que tenha até recebido muito dinheiro vindo das drogas para suas campanhas eleitorais.

– Ah, Zé Mané, isso seria um delírio. Nenhum presidente faria uma coisa assim. Aliás, devo corrigir, o Nicolás Maduro, dizem, fez exatamente isso na Venezuela. Ele tem um exército paramilitar para enfrentar as Forças Armadas se for preciso.
Inclusive a dos EUA.

– Mas na nossa terra imaginária, isso seria uma anomia, então as Forças Armadas não permitiriam a formação de grupos terroristas paramilitares ocupando territórios urbanos, onde eles próprios fazem as leis, julgam, condenam e matam pessoas. Quer saber, Zé Otário, estamos imaginando algo impossível.

– Além disso, na nossa terra imaginária teríamos a Justiça e o Congresso Nacional fazendo pressão para retomar os territórios e vencer a guerrilha.

– E se fossem todos coniventes com o dinheiro das drogas?

– Aí você está imaginando demais… só falta você dizer que a população estaria revoltada, censurada, refém, capaz de ameaçar o estado de direito com um batom.

– He, he… me perdoe a pressa. É perigoso ficar parado com tantas balas perdidas disparadas por criminosos para roubar simples celulares, crime incentivado por algum governante bêbado.

– É a alma dos nossos negócios, pô, não tem de quê, eu também só ando a cem.

– Bom, Zé Mané, quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí.

– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos, quem sabe…?

– Se eu não for investigado, condenado e preso por algum ministro do STF, em decisão monocrática, por fazer piadas nos meus shows de stand up, ou mesmo aplaudir a ação da polícia no Rio de Janeiro, então nos veremos.

– Vamos supor que as comissões de direitos humanos da Câmara, Senado, OAB, ONU, OEA, CNBB, Human Rights, condenem os policiais por vencer a guerrilha e ter perdido apenas quatro de seus homens contra cem criminosos fortemente armados. Aí nossa terra imaginária, Zé Mané, deixaria de ser um delírio e o cenário estaria pavimentado para o pior dos mundos. A tropa de choque vermelha na Câmara está procurando fundamento para acusar os policiais de extermínio de seus queridinhos criminosos. É a bancada de várias feias lideradas pela ministra mais bonita do planeta, segundo critério do Palácio do Planalto. Os sóbrios, no mundo real, enxergam o bloco como de integrantes do halloween.

– Zé Otário, deixa eu te falar uma coisa: isso só seria uma ameaça caso o governo brasileiro estivesse consolidando a aproximação com países totalitários e sanguinários, como Rússia, China, Irã, Venezuela, Cuba. Mas aí seria imaginação demais. Precisamos falar mais.

– Quanto tempo, pois é, quanto tempo. Tanta coisa eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas.

– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança. Já não sei o que é imaginário e o que é real. Por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa rapidamente.

– Eu também. Pra semana. O sinal!

– Zé Mané, só falta algum ébrio, delinquente, quadrilheiro, sócio e simpatizante dos narcotraficantes, dizer que esses criminosos são vítimas…

– Eita, Zé Otário, deixe esse pesadelo de lado, não exagere. Eu procuro você, vai abrir, vai abrir.

– Prometo, não esqueço.

– Por favor não esqueça, não esqueça.

– Não esqueço, Zé Mané, adeus!

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