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Passeio na praia

Só uma briguinha

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Autor/Imagem:
Mércia Souza - Foto Francisco Filipino

Cresci no interior, vi briga de gato, cachorro, gato, boi, pássaros… Perdi as contas.

Mas, não sei explicar, na minha cabeça existe a ideia de que animais não brigam, portanto, todas as vezes que cruzo com uma briguinha animal, fico surpresa.

Com uma veia mineira em mim, não importa se está chovendo, eu tenho que dar uma volta na praia.

Sexta-feira, chegamos juntos com a mudança de tempo, as nuvens cinzas cobriam o céu, enquanto eu e minha irmã arrumávamos a casa.

Fim de tarde e eu pergunto:

—Vamos à praia?

—Claro!

Descemos prontas para aproveitar a tarde cinzenta na companhia uma da outra e uma cerveja.

O barzinho não estava aberto.

E nós, não vamos perder a viagem, vamos caminhar um pouco.

A chuva surge fininha e nós seguimos brincando com conchas, molhando vez ou outra os pés na água gelada, observando os bichos.

Encantada com os siris que são parte da praia de Marataízes e que, ao menor movimento, se escondem em suas tocas, vamos nós sempre de olho neles e eles em nós.

Em determinado momento, dois siris em pontos opostos fogem de nós, um entra na toca, o outro se aproxima tentando entrar, os dois param na entrada, o que entrou primeiro estapeia o outro com sua pinça, o outro revida.

Caio na gargalhada.

—Viu os siris se estapeando por causa de suas casas? — Pergunto.

—Vi sim, e eu que achei que animais não brigavam — Minha irmã responde.

—Eu também, tenho sempre a impressão de que animais não brigam.

Os dois, a essa altura, estavam parados, olhando em nossa direção com seus olhinhos esbugalhados como se entendessem o que estávamos falando.

O siri que estava na entrada dá uma espécie de último tapa e foge em direção a outra toca, o que estava na entrada some buraco adentro.

Molhadas e com frio, decidimos voltar, e, durante todo o caminho, nos lembrávamos de dois siris que se tornaram nossa diversão.

—E, tomar nossa cerveja não tomamos, mas vimos uma briga de siri e sabemos que um estava tentando invadir a casa do outro.

—Talvez seja só uma briguinha de irmãos, não sabemos.

Seguirmos rindo.

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Apaixonada pela vida em todas as suas formas! Mãe, avó, artesã do crochê e escritora por vocação. Encontro inspiração na natureza e tranquilidade nas trilhas da montanha. Palavras e linhas são minhas ferramentas para criar e compartilhar amor.
Autora de três livros publicados, colunista e integrante de uma comunidade literária.
Atualmente reside em Cachoeiro de Itapemirim-ES.

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