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Nova fronteira agrícola

Soja no Matopiba alavanca o agronegócio nordestino

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Autor/Imagem:
Júlia Severo - Foto Editoria de Artes/IA

Se antes o sertão nordestino era sinônimo de seca e escassez, hoje o cenário em parte da região é bem diferente. Nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o chamado Matopiba — considerada a última grande fronteira agrícola do Brasil — se consolidou como um dos principais polos produtores de soja e milho do país.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2025 a região deve colher mais de 23 milhões de toneladas de grãos, colocando o Nordeste como peça-chave na balança comercial do agronegócio brasileiro.

Nas últimas duas décadas, áreas antes usadas apenas para a pecuária extensiva ou praticamente improdutivas foram convertidas em lavouras de alta tecnologia. O Piauí, por exemplo, tornou-se um dos estados que mais crescem na produção de soja, principalmente na região do cerrado piauiense.

Já a Bahia, com o oeste agrícola em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, é hoje o maior produtor de grãos do Nordeste, atraindo investimentos bilionários em logística, silos e exportação.

O avanço da soja no Matopiba trouxe desenvolvimento para municípios que antes dependiam quase exclusivamente de transferências federais. Novas estradas, escolas, hospitais e universidades chegaram impulsionados pela arrecadação de impostos e pela chegada de empresas ligadas ao agronegócio.

De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), o setor gera centenas de milhares de empregos diretos e indiretos na região, desde trabalhadores rurais até motoristas de caminhão e operadores de armazéns.

Apesar dos avanços, o crescimento da soja também traz dilemas. Ambientalistas alertam para o desmatamento no cerrado nordestino e para a pressão sobre comunidades tradicionais e povos indígenas. Outro ponto sensível é a concentração de terras nas mãos de grandes produtores, o que gera desigualdade e conflitos fundiários.

“É inegável a importância econômica da soja, mas precisamos garantir que esse desenvolvimento seja sustentável e não exclua comunidades locais”, afirma a geógrafa Maria Tereza Almeida, da Universidade Federal do Piauí.

Com a demanda mundial por alimentos e biocombustíveis em alta, o MATOPIBA deve ganhar ainda mais destaque na próxima década. Projetos de ferrovias e portos no Maranhão e na Bahia pretendem reduzir custos logísticos e facilitar exportações para a Europa e a Ásia.

Se bem administrada, a soja nordestina pode se consolidar como motor econômico da região e equilibrar a histórica desigualdade entre o Nordeste e outras partes do país.

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