Somos o Frankenstein em busca do amor e da felicidade

Somos seres únicos caminhando por esse plano. Desde nossa chegada até o momento de nossa partida seguiremos diretrizes que adaptamos ao nosso modo de perceber a vida. Porque tal visão é pessoal, não tem como compartilharmos nossa percepção com outros… como eu disse, ela é única…

Desde que aqui chegamos somos bombardeados com um sem número de informações e as vamos filtrando… e adaptando… à nossa forma de ver o mundo… que deverá estar alinhado com nosso Universo Pessoal. Sim, porque embora estejamos todos caminhando pelo mesmo plano físico, o plano astral de cada pessoa é tão diverso quanto diversas são as pessoas. Cada um tem a sua maneira pessoal de perceber os fatos ao seu redor…

As primeiras informações as recebemos ainda no ventre materno. Ou seja, muito de nossa personalidade foi construído em nossa concepção. Claro que costumamos dizer que “fulano parece muito com seu pai… ou seu tio… seu avô…”, mas na verdade as primeiras impressões que recebemos são de nossa genitora. Em uma comparação grosseira, diria que nossa memória primitiva … nosso “Eprom”… foi programado por nossa mãe com as informações necessárias para podermos caminhar por esse mundo hostil…

Devemos à nossa genitora bem mais que nossa concepção. Por mais que pareça estranho, nossa personalidade é construída com base nas informações que recebemos desta. Ela não é responsável apenas por nos dar a vida… é através dela que podemos perceber as nuances do mundo a nossa volta…

Claro que, após desembarcarmos neste lado da vida, receberemos novas informações que serão agregadas ao que podemos chamar de “programação de fábrica”… e então poderemos até mesmo, ao assimilar novas informações, parecer com outros membros de nosso núcleo familiar. Pois, embora nossa mãe seja a responsável pela nossa programação original, durante nossa caminhada por este Universo seremos expostas a experiências que nos ajudarão a evoluir. Mas as bases de nossa formação continuarão sempre ali, por vezes adormecidas…

É através da orientação materna que seguiremos algumas diretrizes que nos moldarão durante nossa caminhada. Claro que, de acordo com nossa evolução natural, seremos expostas a novas ideias e provavelmente chegará o momento em que simplesmente esqueceremos de nossa programação original… desculpe, esqueceremos, não… simplesmente a deixaremos arquivada, para uma consulta posterior, se houver necessidade de nossa parte…

Nossa personalidade é formada de retalhos daquilo que percebemos ao nosso redor. Em uma comparação grosseira… a segunda que faço neste texto… seriamos mais ou menos como o monstro de Frankenstein… um corpo montado com pedaços de outros corpos. Ou então, em uma visão menos dramática, seriamos como os quebra cabeças que aprendemos a montar quando ainda crianças… encaixando peça por peça, até termos uma imagem completa…

De certa forma, a vida é um imenso quebra-cabeças. Afinal, cada nova peça que encaixamos no puzzle que é o mundo ao nosso redor, nos encaminha rumo a um destino por nós desconhecido, mas já definido de acordo com nossas escolhas…

Sim… vamos traçando nosso destino de acordo com nossas escolhas. A rebeldia dos jovens se deve as divergências percebidas entre sua programação original e aquilo que vai descobrindo em seu dia a dia… o mundo não é somente azul ou cor de rosa… há uma gama de cores que merecem ser exploradas e incorporadas em nossa vida…

Mas, como eu disse, fazemos escolhas. E, de acordo com estas, traçamos o caminho que iremos trilhar. Se essas escolhas forem muito divergentes daquilo que nosso primeiro núcleo social considera aceitável, corremos o risco de ser banidas do mesmo. Porque, dependendo do caminho por nós escolhido, poderíamos destruir as bases daquele grupo. Que simplesmente deixaria de existir, ao menos da maneira que foi concebido. E os detentores de Poder do mesmo seriam destituídos. E ninguém, sob nenhuma circunstância, aceita ser alijado de seu cargo, principalmente se este for vitalício…

Na estrutura familiar temos uma estrutura hierárquica pétrea, cuja rigidez não permite desvios de conduta de seus parâmetros. São leis não escritas que por todos devem ser respeitadas, sob pena de toda estrutura desmoronar. Exagero? Nem tanto. Embora os Anarquistas preguem uma Sociedade onde não exista uma cadeia de comando, onde não existem líderes, até mesmo em seu seio há, sim, cadeias de comando e regras que devem ser obedecidas… até o Caos, para existir, segue uma ordem lógica…

Voltando à família, se algum membro desta deixa de seguir alguma diretriz… e esta falha é considerada gravíssima pelos outros membros do grupo, o Líder do mesmo… que tanto pode ser a mãe quanto o pai, depende de quem se sobrepôs ao outro… convida “gentilmente” o ente discrepante a abandonar o grupo. Sem se importar como será a sobrevivência do mesmo. Simplesmente será banido do grupo, pois não segue as regras a todos imposta…

E essa diretriz será respeitada em todas as fases da vida. Sempre que algum elemento não seguir à risca o que o Grupo determina, será expulso do mesmo. Simplificando… viver de acordo com nossa visão da vida tem um preço. Que nos é cobrado. Por qual outro motivo você acha que as pessoas vivem uma vida que não é aquela que desejavam?

Mas assim é o mundo, não é mesmo? Para que possamos viver em harmonia com nossos semelhantes, muitas vezes devemos abrir mão de nossas convicções… claro que até podemos viver de acordo com nossos ideais… mas temos que ter em mente que sempre haverá limites para essa nossa luta pela liberdade. Porque no final das contas tal liberdade não existe. Não da forma que desejaríamos, pelo menos…

Mas como dizia um personagem de um certo romance que li a algum tempo atrás…viver uma doce ilusão nessa vida é muito mais reconfortante que perceber a crueza do mundo…

Rezemos para que chegue um dia em que o mundo se torne aquele paraíso utópico que tanto almejamos, onde as escolhas de cada um possam ser realmente respeitadas. Nesse dia, certamente viveremos cercados pelos sentimentos que tanto perseguimos… o Amor e a Felicidade…