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Padrinho de paraquedista

Sucessão no Buriti começa com bomba no colo de Rodrigo Rollemberg

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto de Arquivo/Elza Fiúza

Uma frase solta postada nas redes sociais por Rodrigo Rollemberg (PSB) e a imediata resposta, também nas redes sociais, com um vídeo produzido por desafetos políticos do ex-governador, indicam que a eleição para o Governo do Distrito Federal, embora distante um ano, já ferve como se o Lago Paranoá tivesse se transformado em um imenso gêiser, lançando vapor e água quente para todos os lados. É que a política local, como sempre, não admite calmaria. E cada gesto, cada fala, cada lembrança do passado se transforma em munição.

O episódio mais recente tem como protagonista o ex-governador, que nas redes sociais criticou a tentativa de venda do Banco Master ao BRB, insinuando que havia “algo por baixo dos panos”. O tiro, porém, ricocheteou. Um vídeo, resposta imediata e viral, jogou no colo de Rollemberg o peso de seu próprio governo, que teve a queda do viaduto da Galeria dos Estados, dias seguidos de torneiras secas pela falta de modernização da Caesb, caos em áreas essenciais como saúde, educação e segurança, e até a prisão de integrantes da diretoria do BRB à época em que ele ocupava o Buriti.

Não bastasse o inventário das falhas, o vídeo ainda cutuca uma ferida política: a lembrança de que Brasília não é lugar para aventureiros, tampouco pista de pouso para paraquedistas de última hora. A referência direta é a Ricardo Cappelli, ex-interventor da Segurança Pública após os ataques de 8 de janeiro de 2023 e aliado de Rollemberg. O nome de Cappelli tem circulado como possível candidato ao governo, mas encontra resistência forte, especialmente entre policiais militares, civis e bombeiros, categorias que se sentiram traídas durante a intervenção.

A mensagem, no fundo, é clara, ao sugerir que Brasília não aceita tutores improvisados nem comandantes de fora que descem de paraquedas apenas para disputar poder. Analistas políticos lembram que a capital da República tem cicatrizes abertas, memória afiada e eleitorado atento. Fica claro, assim, que quem sonha com o Buriti precisará mais do que retórica ensaiada ou padrinho político. Na hora do pega pra capar, terá de mostrar serviço, história e compromisso real com a cidade.

Após assistir ao vídeo, cheguei mesmo a procurar Rodrigo Rollemberg por meio de amigos comuns, para que ele se manifestasse. Tentativa em vão. Faz-me crer que o ex-governador preferiu o silêncio por saber que, em política, quem muito fala pode acabar lembrando ao povo por que já foi mandado embora uma vez.

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José Seabra é diretor da Sucursal Regional Nordeste de Notibras

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