Vaga no hospício
Tarcísio, crush da turma Z, repete ídolo no caso Covid com mortes por metanol
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Respeitadas as respectivas patentes, não há diferença entre Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. Em qualquer situação, principalmente em público, ambos não sabem o que dizem. Na verdade, não sabem sequer o que pensam. Ora governador de São Paulo, ora candidato à Presidência da República e ora menino de recados do ex-chefe, Tarcísio é cópia fiel do Jair de todas as mazelas. Diriam os sábios da política que, como governador, ele é um ótimo candidato presidencial. Como a recíproca é verdadeira, Tarcísio acaba sendo coisa alguma.
É aquela velha história de quem nasceu para Chokito nunca se acha Prestígio e jamais será um Negresco. As aparências não enganam. Esquecendo de seguir os conselhos da vovó, de tanto se abaixar o governador acabou mostrando mais do que devia. Por exemplo, sem querer querendo, revelou que é do mesmo modelo do mestre político, isto é, sem compaixão, decência e preocupação com o eleitorado. Tanto um quanto o outro associam seus eleitores a um rebanho de gado surdo.
Quem não se lembra da leveza da frase cunhada por Jair Bolsonaro no auge da pandemia de Covid-19, quando o número de mortes se aproximava de 500 mil. Para que nunca mais esqueçam, o então presidente, brincando com coisa séria, respondeu àqueles que choravam seus mortos que lamentava, mas não era coveiro. Ou seja, azar do familiar de quem morreu. Cerca de quatro anos e meio após a poética composição bolsonarista, o governador paulista repete a sandice. Ou seria a asnice? Tanto faz.
O Brasil inteiro se escandalizou, se comoveu e se solidarizou com as famílias afetadas pelas quadrilhas que fabricam e distribuem bebidas destiladas misturadas com metanol. Até agora, são 17 casos e duas mortes confirmadas. O Ministério da Saúde investiga outros 200 casos de contaminação e mais 12 mortes. Enquanto isso, Tarcísio de Freitas reunia a imprensa para informar aos paulistas e aos brasileiros que só iria se preocupar quando a Coca-Cola fosse falsificada. Cala a boca, Magda! Não desejo mal a Bolsonaro e nem a Tarcísio de Freitas, mas, sem dó, desprezo os dois
É ou não é caso de internação psiquiátrica. Impossível acreditar que alguém, em sã consciência, admite votar em um sujeito como esse para comandar a nação. A menos que o eleitor bolsonarista, aquele do tipo Maria vai com as outras, tenha esquecido o caos em que meteu o Brasil ou, quem sabe, mantenha a preferência pelos que trabalham na contramão da realidade. Caso seja essa a hipótese e considerando que o Lula 4 bate à nossa porta, sugiro uma fuga pela tangente até que alcancem o reto da reta de governantes que pensam e agem igual ao mito. Se o medo é a distância, Javier Milei está a dois passos do Brasil.
Pitoresco como político, roqueiro como orador e pífio como presidente, Milei estava à disposição enquanto Bolsonaro tinha os holofotes a seu favor. Como será em 2026, após mais uma provável vitória de Lula. Como a direita é incapaz de se unir até mesmo no câncer? Lascado da unha encravada à medula, o maluquete portenho terá de pedir penico a Lula lá. Se for reeleito governador de São Paulo (é o que lhe resta), Tarcísio de Freitas talvez consiga uma linha direta com Milei, a quem recorrerá em busca de uma Cueca-Cola para acompanhar dos panes con huevo e hema muele. Caspita! Esse deve ser o portunhol de quem brinca com a verdade.
