Ternura
Tecelã de Silêncios
Publicado
em
Dedos bordavam emoções em filigrana,
como quem costura o invisível com ternura.
Cada verso era um fio de alma exposta,
cada linha, um suspiro que não se cura.
As silhuetas do sentir se desfaziam,
como marionetes soltas no vento da memória.
O olhar, cansado, deixava os horizontes,
planícies, vales, e mares sem história.
As ruas, imóveis, guardavam segredos,
detalhes que o tempo não quis preservar.
E a alma, em voo, tocava o céu em silêncio,
desenhando saudade num papel sem lugar.
O frio escorria como tinta nas faces,
ao entardecer no sótão da lembrança.
Cada lágrima era um verso relutante,
um pesadelo suave, sem esperança.
Ela afundou o rosto no véu da aceitação,
selou a última linha com olhos secos.
Dormiu com o peito em tempestade contida,
em cartas que sangravam sem ecos.
Assim sua cada linha trazia sua história.