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Tem barco pirata atracando no portinho para encher o porão de garoupas frescas

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Max de Quental

Os tentáculos que envolvem o Palácio do Buriti têm a propriedade de avançar sobre todos os temas. Há muitos que, pela gravidade do assunto como saúde, educação e segurança, causam impacto direto e imediato na vida do brasiliense. Sem trocadilhos, existe mesmo uma empresa denominada Impacto Organização de Eventos Ltda, que é um cordão de acusações por irregularidades. As tramas que envolvem personagens infiltrados nos poderes Executivo e Legislativo do Distrito Federal chegam agora com muito apetite ao mundo do entretenimento.

Entre os acusados formal e informalmente de práticas pouco republicanas, está Marcos Portinho, responsável pela empresa Impacto que, segundo informantes, é mais um infiltrado na mesma galeria subterrânea que anda aprontando no Buriti e na Câmara Legislativa.

Em 2013, a Impacto foi protagonista na prisão de Carlos Alberto Jales, então administrador de Taguatinga, acusado de receber propina por um repasse de R$ 3,8 milhões. Há relatos de ex-sócios de Portinho reclamando prejuízos causados por ele e de provocar suas falências.

Agora surge mais um reclamante que acaba de vencer uma batalha judicial que durou mais de cinco anos e envolve o maior evento do Distrito Federal. Segundo o processo 2014.01.1.037436-5, o juiz Gilmar de Jesus Gomes da Silva devolve ao autor original, Roberto de Carvalho, o evento Brasília Motocapital.

O advogado do reclamante, Apuam Carvalho da Costa, esclareceu que seu cliente criou, formatou e realizou o Motocapital, como é conhecido em todo o Brasil. Isso foi em 2009 e já no ano seguinte foi vítima de uma manobra de Portinho que se apoderou da marca, consagrada naquele ano.

Mais de cem mil pessoas, visitantes e motociclistas, passaram pelo encontro temático na edição que deu visibilidade nacional a Brasília como capital dos motociclistas, afirmou o advogado.

O processo se arrastou e a Impacto continuou a praticar, segundo o advogado de Roberto, o uso indevido da marca, ainda que advertido por diversas vezes. Após a concessão definitiva e reconhecida pelo INPI por meio do certificado de propriedade de n° 901605336 em 17 de dezembro de 2013 – o depósito foi feito por Roberto Carvalho no Instituto Nacional de Propriedade Industrial três meses antes da primeira edição na Granja do Torto, em abril de 2009 – o juiz determinou a proibição do uso da marca em um despacho de quase vinte páginas.

Ainda assim, a Impacto manteve sua comunicação como se nada tivesse sido determinado pela Justiça, inclusive multa diária pelo uso indevido que pode chegar a cem mil reais. Continua utilizando a marca Motocapital para fazer acordos com membros do GDF e da Câmara Legislativa, segundo informações de observadores.

O caso é grave e pode trazer profundas consequências aos patrocinadores, fornecedores, comerciantes, agentes públicos e sócios ocultos que circulam nos Poderes da Capital.

Nas redes sociais e sites, Portinho continua a praticar o ilícito, como se a ele pertencesse o evento. Sabe que só assim pode atrair recursos. Instituições como o Banco de Brasília, indústrias de bebidas e veículos de imprensa, por exemplo, provavelmente não foram informados que estavam assumindo compromisso ou divulgando um evento que não será aquele que Portinho vendeu para 2016. Gato por lebre.

Veteranos motociclistas consultados e seus motoclubes, ou MCs, como são conhecidos os grupos do gênero, informaram que promoveram uma reunião para reclamar das condições precárias a que foram submetidos nas últimas edições pela Impacto. Os quase 100 MCs presentes apresentaram um documento manifesto com dezenas de itens que consideraram graves problemas, como a falta de infraestrutura e higiene, principalmente. Não obtiveram resposta alguma, embora sejam eles as estrelas do evento.

O que Brasília deve lamentar é que iniciativas que promovem a cidade e elevam o seu conceito como um lugar ideal para a realização de eventos, tenha o seu calendário manchado por episódios escusos e que nada contribuem à geração de emprego e renda e ao avanço da indústria do Turismo. E o pior: com a anuência de gestores públicos e políticos.

A iniciativa do deputado distrital Claudio Abrantes é um sinal de que as coisas podem não caminhar bem para Portinho definitivamente. Abrantes enviou requerimentos ao administrador de Brasília e ao secretário de Agricultura exigindo informações sobre a legalidade na concessão e alvará da Granja do Torto e as condições contratuais adotadas em 2015, última edição em que a Impacto utilizou indevidamente a marca Brasília Motocapital.

Se as práticas forem as habituais e agora com a colaboração de novos “sócios”, muitas perguntas podem ficar sem respostas. O Tribunal de Contas do Distrito Federal e o Ministério Público estão de olho. E quem perde são os aventureiros motociclistas, suas tribos multifacetadas, suas incríveis máquinas, seu eterno rock’n roll…

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