Associações Secretas
Templários e maçons no período da Idade Média
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Durante a Idade Média, diversas associações secretas desempenharam papéis importantes na sociedade, muitas vezes misturando misticismo, política, religião e ciência. Essas organizações buscavam preservar saberes, defender interesses específicos ou proteger seus membros em períodos de perseguição ou instabilidade social. Das mais citadas e envoltas em mistérios temos a Ordem dos Cavaleiros Templários e a Maçonaria.
Ambas atravessaram os séculos de história e quanto mais se expõem, mais ocultas e misteriosas elas se apresentam aos olhos dos, chamados, profanos. Fundada em 1118, a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, foi uma das mais famosas ordens militares cristãs da Idade Média. Fundada no início do século XII, a ordem desempenhou um papel crucial durante as Cruzadas, tanto militar quanto economicamente. . Ficou extremamente rica e poderosa, com vastas propriedades e influência política. Com seus rituais internos, símbolos e supostos conhecimentos ocultos alimentaram lendas mesmo após sua extinção oficial em 1312.
A ordem foi estabelecida por volta de 1119 por Hugo de Payens e oito cavaleiros franceses. Eles receberam a aprovação oficial da Igreja Católica em 1129. Seu propósito original era a proteção dos peregrinos cristãos que viajavam para a Terra Santa após a Primeira Cruzada. A ordem rapidamente cresceu em poder e riqueza, recebendo doações de terras e dinheiro de nobres europeus. Sua independência era tanta que só respondiam por seus atos diretamente ao Papa, ninguém mais! Com estrutura hierárquica rígida, com o Grão-Mestre no topo, seguido por comandantes e cavaleiros. Seus membros faziam votos de pobreza, castidade e obediência, vivendo como monges guerreiros. No início do século XIV, a ordem caiu em desgraça.
O rei Filipe IV da França, endividado com eles, pressionou o Papa Clemente V a suprimir a ordem. Em 1312, a ordem foi oficialmente dissolvida pelo Papa, e muitos templários foram presos, torturados e executados sob acusações de heresia. Historicamente, os Templários foram fundamentais nas Cruzadas, oferecendo proteção militar e apoio logístico. Sua existência simbolizava a união de valores religiosos e militares. Desenvolveram um sistema bancário primitivo, permitindo transferências de dinheiro e propriedades, o que facilitou o comércio e as finanças na Europa medieval.
A ordem alimentou lendas e teorias conspiratórias ao longo dos séculos, inspirando obras literárias e culturais. Sua história é envolta em mistério e simbolismo. Os rituais secretos dos Templários são um dos temas mais envoltos em mistério e especulação da história medieval, misturando fatos, lendas e acusações de seus perseguidores. A maior parte do que se conhece sobre esses rituais vem de relatos indiretos, confissões sob tortura e crônicas posteriores, já que a ordem fazia questão de preservar o sigilo de suas práticas internas.
O ingresso na ordem era cercado de simbolismo e segredo. O iniciado era conduzido de olhos vendados, em silêncio e escuridão, simbolizando “morte para o mundo profano” e “renascimento para o sagrado. Havia provas de coragem, lealdade e silêncio. O novo membro era instruído sobre as regras da ordem e fazia votos de obediência, castidade e pobreza. Era comum a prática simbólica da “renascita”: o candidato passava por momentos de privação sensorial (vendado, em silêncio), e só então era apresentado à luz, simbolizando iluminação espiritual. Devido ao seu caráter secreto, foram criados mitos sobre a iniciação como, o candidato confessava segredos pessoais ou pecados, que eram guardados sigilosamente pela ordem, como forma de garantir lealdade e compromisso.
Usavam palavras de passe e sinais secretos para reconhecer outros membros e garantir a segurança e exclusividade de suas reuniões. Outro mito polêmico, citado nas confissões forçadas, era o chamado “beijo polêmico” ou “beijo de iniciação”, que supostamente envolvia o iniciado beijar o Grão-Mestre em diferentes partes do corpo, simbolizando submissão e fraternidade. Isso foi usado como principal argumento nas acusações de heresia e práticas indecentes, mas há grande controvérsia sobre sua veracidade. Sob tortura, alguns templários confessaram adorar uma entidade chamada Baphomet, descrita como uma cabeça misteriosa ou ídolo. Mas, não há provas de que esse culto realmente existisse.
A ordem era famosa por proteger segredos e supostos artefatos sagrados, como o Santo Graal ou a Arca da Aliança, mas não há comprovação histórica direta. Parte do ritual de iniciação envolvia a promessa de segredo absoluto sobre os mistérios da ordem, seus rituais, conhecimentos e possíveis tesouros sob pena de morte. Este juramento de silêncio era considerado sagrado e inviolável, sendo uma das razões pelas quais muito do conhecimento templário permanece envolto em mistério até hoje. A conexão entre os Templários e a Maçonaria é um tema que mistura história, lenda e especulação.
Embora sem evidências concretas de que a Ordem dos Templários tenha sido absorvida pela Maçonaria, existem várias teorias e mitos sobre como elementos templários podem ter influenciado tradições maçônicas posteriores. Ao ser dissolvida, muitos templários foram presos, julgados e executados, enquanto suas propriedades foram confiscadas. Remanescentes da ordem podem ter se integrado a outras ordens militares ou religiosas. Outros podem ter se dispersado pela Europa, levando consigo conhecimentos e tradições. Oficialmente, a maçonaria surgiu no século XVII.
Porém, existem indícios de que ela é muito mais antiga e foi se adaptando e se transformando ao longo dos séculos. Ela é uma sociedade secreta que utiliza simbolismo arquitetônico e alegorias para transmitir ensinamentos filosóficos. Algumas tradições maçônicas, usam rituais secretos e símbolos esotéricos, que sugerem práticas templárias ou de grupos mais antigos. Teóricos Esotéricos, sugerem que conhecimentos ocultos e tradições secretas dos Templários, entre outros, foram transmitidos oralmente ou através de sociedades discretas ao longo dos séculos, eventualmente influenciando a Maçonaria.
Apesar da conexão não ser historicamente comprovada, a narrativa da continuidade templária-maçônica é parte do rico mosaico de tradição e mistério que envolve ambas as organizações. Enquanto a ordem dos Templários agrega monges guerreiros a Maçonaria agrega as corporações de ofício, trabalhadores braçais que comungavam a mesma profissão: pedreiros e mestres canteiros. Lá discutiam seus segredos profissionais e questionamentos pessoais acerca de tudo e de todos. Enquanto os Templários moldavam a ferro, fogo a economia e a cultura da Europa medieval, a Maçonaria abrigava as corporações e seus operários, realizando as obras em pedra por onde passava. Os Templários representam a coragem, fé cristã e controvérsias.
A Maçonaria abrigava todos os credos e crenças e sob suas asas muitos foram salvos da inquisição. Fato que a tornou uma fraternidade de homens livres e de bons costumes. Eu te convido a ler o livro “O Papa Negro”, de Ernesto Mezzabotta. É uma obra que mistura ficção e especulação histórica para explorar a transição dos Templários para as ordens maçônicas e a fundação dos Jesuítas. Após a dissolução dos Templários, muitos cavaleiros foram perseguidos, alguns conseguiram escapar e se refugiar em regiões seguras, levando consigo conhecimentos e tradições secretas. Segundo a narrativa, os Templários teriam passado seus conhecimentos esotéricos, rituais e tradições para grupos que eventualmente influenciaram a formação das sociedades maçônicas. Isso inclui simbolismo, a prática de rituais secretos e a ideia de irmandade.
A Maçonaria, que emergiu oficialmente no século XVII, incorporou muitos símbolos e alegorias que podem ter reminiscências das práticas templárias. No entanto, não há evidências históricas concretas dessa continuidade direta. Já, a Companhia de Jesus, ou Ordem dos Jesuítas, foi fundada em 1540 por Inácio de Loyola, um ex-soldado espanhol que se converteu após uma experiência espiritual transformadora. Eles foram criados para defender e propagar a fé católica durante a Contrarreforma, em resposta ao avanço do protestantismo. Ao se dedicar à educação, evangelização e serviço social, tornam-se influentes em vários reinados e partes do mundo.
A ordem é conhecida por sua disciplina militar, educação rigorosa e obediência direta ao Papa. Jesuítas tornaram-se conselheiros influentes de reis e papas, desempenhando papéis cruciais na política e na religião. As conexões entre Templários, Maçonaria e Jesuítas são frequentemente exploradas em obras de ficção e teoria da conspiração, mas devem ser vistas com cautela. Historicamente, são tradições distintas com origens e propósitos diferentes. Tanto os Templários quanto os Jesuítas deixaram legados significativos, influenciando a cultura, a política e a religião em suas respectivas épocas.
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Marco Mammoli, Mestre Conselheiro e membro do conselho do Colégio de Magos e Sacerdotisas. Você pode entrar em contato com o Colégio dos Magos e Sacerdotisas através da Bio, Direct e o Whatsapp: 81 997302139.