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Idade não é patente

Tendão de Aquiles pode definir a disputa na OAB

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Autor/Imagem:
Sonja Tavares

Tutancâmon, faraó, assumiu o trono aos 10 anos de idade; ficou conhecido como um dos mais populares e respeitados líderes da história egípcia. Alexandre Magno, rei da Macedônia, discípulo exemplar de Aristóteles, assumiu o o reino que transformou em império, aos 20 anos de idade. Augusto Magno, com pouco mais de 30 anos de idade, fez de Roma a capital do mundo e ele, o maior imperador da Terra. Essas lembranças servem para ilustrar uma disputa que tem tudo para ser acirrada em outubro: a cadeira número 1 da Seccional Brasília da Ordem dos Advogados do Brasil.

Por ora são quatro candidaturas supostamente postas, todas atraindo gordas apostas. Nos corredores do Judiciário, onde os advogados mais se encontram, fala-se aberta e carinhosamente que a batalha será travada entre Delinho, Vevé, Thaís e Campelo – este, batizado Guilherme, também filho, como outros candidatos, de advogado.

As eleições estão previstas para novembro próximo. E apesar do tempo que se tem pela frente, as articulações começaram bem antes. Mais precisamente em 2018, quando mal foram fechada as as urnas da última eleição.

Intimidades à parte, os nomes prestes a ir para o confronto no voto são Délio Lins e Silva Júnior (que tentará a reeleição), Everardo Gueiros (candidato que tem o apoio explícito do advogado Ibaneis Rocha, hoje governador de Brasília), Thaís Riedel, que vê a figura feminina cada vez mais respeitada e enaltecida; e, por fim, Guilherme Campelo, para quem o momento é de colocar ordem na desordem da casa.

Por suas estreitas ligações com o Palácio do Buriti, o nome que tem se destacado em conversas reservadas é o de Vevé. Mas os entreouvidos não o associam a uma candidatura vitoriosa. As referências a ele são meio que pejorativas, uma vez que o ex-secretário de Assuntos Estratégicos de Ibaneis deixou o cargo após ter seu nome envolvido na Operação Lava Jato e outros negócios nada republicanos, inclusive, malfeitos no Sistema S, na época em que a Polícia Federal deflagrou uma operação para combater corrupção na Fecomércio do Rio de Janeiro.

Pessoas próximas a Délio Lins e Silva Júnior já apostam, inclusive, que o candidato do grupo de Ibaneis não será Everardo Gueiros. Isso porque Vevé não preenche as condições mínimas para ocupar o cargo. Retirada a candidatura no momento oportuno, será a vez do governador tirar uma carta da manga, que atende pelo nome de Cleber Lopes. Para quem não se recorda, Lopes foi o fracassado advogado na ação que tentou livrar da cadeia Francisco Araújo, ex-secretário de Saúde de Brasília, preso por suspeitas de desvios de recursos públicos em plena pandemia da Covid.

Correndo por fora, há também a candidatura da combativa Thaís Riedel. A advogada, que a exemplo de Vevé e Lopes tem fortes laços de amizade com o Palácio do Buriti, pretende ser uma das cartas da manga do governador. Mas, independente do apoio de Ibaneis, ela promete rodar a baiana e manter a candidatura a qualquer custo. Para evitar um naufrágio antecipado, Thaís conta com uma boia lançada pela AAT, principal associação de advogados que atuam na Justiça do Trabalho.

Agora volta-se ao lead da matéria, sobre jovens reis e imperadores. Há quem subestime a força da candidatura de Guilherme Campelo, alvo de comentários, mesmo que respeitosos, de que ele é muito novo para ser alçado a cargo tão relevante. Mas advogado sabe que no campo do Direito, idade não é patente. E como Guilherme tem nas veias o sangue do velho Estênio Campelo, pode mostrar-se apto a encabeçar uma terceira via capaz de conciliar os interesses de todos os advogados. E por ser, acima de tudo, um homem de moral e caráter acima de qualquer suspeita, pode vir a transformar-se, quando menos se espera, no calcanhar de Aquiles dos grupos de Délio, de Ibaneis e das empoderadas que seguem Thaís.

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