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Tiro no pé

Trump se mete no Brasil, mas Jair vai pra degola

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Jr - Foto Editoria de Artes/IA

Com o óbvio objetivo de salvar Jair Bolsonaro da guilhotina, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu, autoritariamente, se intrometer de fato e de direito nas questões internas do Brasil, principalmente na política local. Em carta enviada hoje (09) à tarde para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump anunciou a ampliação de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos brasileiros. No documento, o líder republicano deixa claro que a aplicação das sanções é manifestamente contra a forma como Bolsonaro está sendo julgado e sua derrota nas eleições de 2022. As novas tarifas entram em vigor no dia 1º. de agosto.

Depois de várias ameaças econômicas, Trump diz a Lula que está aberto às negociações e que ele (Lula) “nunca ficará desapontado com os Estados Unidos da América”. Essa é a prova definitiva de uma intromissão inapropriada nos interesses internos do Brasil. É claro que Trump quer negociar economicamente e usa Bolsonaro como bucha de canhão. Apesar disso, Lula sabe que terá de recorrer à diplomacia para negociar as relações comerciais entre os dois países, incluindo tarifas e protecionismo. Nada mais. Discutir economia e tarifas, tudo bem. Quanto a Bolsonaro, não há hipótese de negociação.

Ele continuará sendo julgado pelos crimes cometidos e ponto final. Qualquer coisa em contrário representará uma agressão à soberania da nação brasileira, o que para o mundo é inadmissível. Ao contrário do que Trump propaga, Jair Bolsonaro não sofre perseguição alguma e sua derrota foi no voto. Portanto, não há que se falar em caça às bruxas, tampouco em falhas nos processos que tornaram o ex-presidente inelegível e réu na ação da trama golpista que culminou na barbárie de 8 de janeiro de 2023. Enquanto tenta se meter no quintal alheio e ameaça os integrantes dos Brics, Donald Trump foge das acusações de descaso com a tragédia do Texas.

O fato é que o apoio explícito do presidente norte-americano a Bolsonaro não mudará o andamento do processo. Quer queira, quer não, Bolsonaro terá de responder pelos crimes cometidos de qualquer jeito. Na prática, a intromissão de Trump deverá custar caro para a trupe bolsonarista no futuro. Certamente os patriotas de verdade não aceitarão a afirmação dos ditos “patriotas” que o presidente dos EUA tem o direito de dar pitacos na política brasileira. É claro que não. É por isso que, usando de minha desobrigação partidária, da desincumbência ideológica e da brasilidade acima de tudo, reitero que, aprovem ou não, sou Brasil, do Brasil e para o Brasil

Não sou de esquerda, não tenho, nunca tive e jamais terei vinculação partidária ou simpatia ideológica. O que tenho é brasilidade, senso de democracia, de solidariedade e, principalmente, patriotismo responsável e descompromissado. Com todos esses considerandos, o que me resta é afirmar que, seja de direita, de esquerda, ou de centro, apoio e marcho com o presidente que, mesmo fingindo honestidade, deseja o melhor para o povo brasileiro. Por enquanto, esse presidente tem nome, sobrenome e mandato. Reitero que, em 2026, novamente votarei com a consciência plena de tranquilidade e absolutamente certa de que, pela quarta vez, farei a melhor escolha.

Confesso que, em anos anteriores, a dúvida me assombrou. Não em 2022. Recorrer a Trump parece ter sido a pior escolha para Bolsonaro. Pelo que ouço nas ruas, em 2026 será como um pênalti sem goleiro e a meio metro do gol. Mesmo com as ameaças do moço que se acha o dono da bola, do apito, do juiz, dos auxiliares e da torcida organizada, é chutar e correr para o abraço. E digo isso sem menosprezo algum a qualquer um dos supostos adversários do candidato principal até o momento. Até agora, pelos motivos exaustivamente expostos, apenas um tem minha antipatia. Meus quatro últimos votos foram por exclusão. Entretanto, após mais essa tentativa de agredir a democracia, votarei com convicção. O povo brasileiro espera que Lula e o STF não afinem. Enquanto aguardo a eleição, mantenho a tese de que cão que ladra não morde.

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Misael Igreja é analista de Notibras para assuntos políticos, econômicos e sociais

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