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Apelidos

Trumpette

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Cadu Matos - Foto Francisco Filipino

Tenho uma grande amiga, Sônia Cunha Danelli, nascida em 11 de setembro. (Na verdade tenho outra, Raquel Moliterno, filha de um grande amigo meu, Sérgio Moliterno, um dos meus tipos inesquecíveis da boa e velha Abril Cultural, protagonista do texto O diplomata, a ser publicado por Notibras, mas essa é outra história.)

Conheci a Sônia em 1987, quando trabalhávamos na Rio Gráfica/Editora Globo. Quando soube de sua data de nascimento, passei a chamá-la de pinochette. Afinal, foi em um fatídico 11 de setembro que a besta-fera Augusto Pinochet deu o golpe militar que levou à morte o presidente Salvador Allende, os poetas Victor Jara e Pablo Neruda mais de 30 mil outros chilenos. Sei que não foi culpa da Sônia, brincadeirinha, no más.

O tempo passou, continuamos amigos, trabalhando juntos sempre que possível, indicando-nos mutuamente para trampos e frilas. Apresentei-a a um grande amigo meu, Natale, também veterano da Abril Cultural, que deu um sobrenome italiano à brasileiríssima Sônia Cunha. Milagre, o casamento dura até hoje. E a vida seguiu, dia após dia, como sói acontecer.

E então veio outro fatídico 11 de setembro, com a destruição das torres gêmeas de Nova York pelos terroristas fundamentalistas da al-Qaeda em 2001. Imediatamente passei a chamar minha amiga de torreesgemeasette, mas não era tão eufônico, não tinha a força de pinochette. Coisas da vida.

E então veio o primeiro governo Trump. Implorei a Sônia que mobilizasse seus poderes de pé-frio para detonar a fera laranja, mas ela não quis ou não conseguiu, vai saber. Só que agora, no segundo desgoverno do coiso, a coisa ficou mais urgente. A campanha contra o Brasil lançada por Bozo via seu rebento, Dudu Bananinha, e, claro, Donald Trump já está corroendo a economia nacional, custando o emprego de gente que precisa trabalhar. E, diante da mais que provável condenação da besta-fera botocuda à prisão, vem mais chumbo grosso por aí.

Por isso, imploro a Sônia e, claro, também a Raquel: eia, sus, bruxinhas brasileiras, avante! Detonem o agente laranja, estabaquem-no por terra, façam-no cair que nem as torres gêmeas, salvem-nos da praga dos Bozos ignaros. Sei que vocês provavelmente já estão envolvidas na rasgação da toga do ministro Luís Fux, do STF, que só faltou chamar os golpistas de anjinhos inocentes, mas convenhamos, Fux não é nada diante de um Pinochet, e ser chamada de fuxette não orna tanto quanto os nomes de guerra (nomes de bruxa) de pinochette ou torresgemeasette.

Assim, sigam em frente, livres bruxinhas entre livres irmãos. Pinochetem Trump, façam com ele o que a al-Qaeda fez com as torres gêmeas! E, prometo, ganharão louros eternos (ou morenos, se preferirem) dos democratas do mundo inteiro e, em especial, dos setores mais à esquerda das forças democráticas. E, com as coroas e homenagens mais do que justas, virá o apodo definitivo, mais forte e mais musical que pinochette: o de trumpette. Que, para não dar bandeira, pode ser pronunciado trompete. Pois os kids pretos ianques são mais eficientes que a versão tupiniquim, e se proteger deles é preciso.

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