Curta nossa página


Recuo do Ocidente

Ucrânia fica sem armas e já admite derrota para os russos

Publicado

Autor/Imagem:
Bartô Granja, Edição - Foto Reprodução

A Ucrânia está ficando sem munição. E a derrota para a Rússia é iminente. Quem admite é o próprio regime e Kiev, que vê as armas encaminhadas por Estados Unidos, Canadá e Otan virarem pós em bombardeios sucessivos das tropas russas.

Desde o início da ofensiva russa, em fevereiro, já se vão quase quatro meses. E enquanto as tropas avançam, autoridades em Kiev enfrentam uma escassez de munição para o contra-ataque. Na avaliação do governo ucraniano, caso o Ocidente não envie mais armas para confrontar a experiente artilharia russa, uma derrota estaria próxima.

Ainda de acordo militares ucranianos, o Ocidente hesita em ampliar sua ajuda militar em consequência de uma “fadiga da guerra”, que está perto de completar quatro meses e impacta cada vez mais os preços de energia e alimentos. Segundo os militares ucranianos, o país tem esgotado rapidamente suas munições e perdido cerca de 100 soldados por dia.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o vice-chefe de inteligência militar da Ucrânia, Vadim Skibitski, disse que a Ucrânia está perdendo para a Rússia na linha de frente e depende quase exclusivamente de armas do Ocidente para manter sua defesa. “Esta é uma guerra de artilharia agora”, disse Skibitski. “Tudo agora depende do que [o Ocidente] nos dá.”

Até então, a Ucrânia havia acumulado surpreendentes ganhos militares na guerra, forçando a Rússia a recuar sua ofensiva no leste do país. Analistas atribuem o sucesso à resposta rápida do ocidente em enviar ajuda militar para Kiev, além de impor duras sanções à Rússia que custou o investimento em aparatos de guerra. Mas agora Moscou parece estar mudando a estratégia para uma guerra de artilharia, que vai exigir equipamentos mais sofisticados para a Ucrânia responder, tornando-a totalmente dependente dos envios ocidentais.

Ainda de acordo com Skibitski, a Ucrânia tem uma peça de artilharia para cada 10 a 15 peças de artilharia da Rússia. “Nossos parceiros ocidentais nos deram cerca de 10% do que eles têm”, afirmou. E acrescentou que a Ucrânia está usando de 5.000 a 6.000 tiros de artilharia por dia, o que coloca em cheque o recurso em um futuro próximo. “Nós quase esgotamos todas as nossas munições e agora estamos usando projéteis padrão da Otan calibre 155″, disse.

“A Europa também está entregando projéteis de menor calibre, mas à medida que a Europa se cansa, a quantidade está ficando menor”, lamentou.

Além disso, a perda de soldados tem sido um alerta para a Ucrânia. Embora o país mantenha em segredo o seu número de perdas militares, o presidente Volodmir Zelenski disse na semana passada que entre 60 e 100 soldados tem morrido por dia no conflito e outros 500 se ferem. À BBC o conselheiro de Zelenski, Mikhailo Podoliak, disse que as perdas podem ser até maiores, de 100 a 200 militares por dia.

O ministro da Defesa ucraniano, Oleksi Reznikov, renovou seus apelos por mais ajuda militar na última quinta-feira, 9, para conseguir manter as defesas em Severodonetsk, que Zelenski disse ser fundamental para a luta pela região leste de Donbas. Reznikov disse que, embora estivesse grato pelo apoio ocidental, não estava “satisfeito com o ritmo e a quantidade de suprimentos de armas. Absolutamente não.”

Segundo analistas, o Kremlin pretende explorar justamente a possibilidade de que, com o conflito se arrastando e entrincheirando, haverá um possível declínio do interesse entre as potências ocidentais que podem pressionar a Ucrânia a um acordo.

Zelenski já se irritou com as sugestões ocidentais de que ele deveria aceitar algum tipo de compromisso. A Ucrânia, disse ele, decidirá seus próprios termos para a paz. “A fadiga está crescendo, as pessoas querem algum tipo de resultado [que seja benéfico] para si mesmas e nós queremos [outro] resultado para nós mesmos”, disse ele.

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2024 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência Estadão, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.