UM CARA DIFERENTÃO…

O ornitorrinco é, sem dúvida, um dos animais mais curiosos e únicos do planeta.

Mamífero que põe ovos, ele combina características de várias espécies: bico de pato, cauda de castor, patas de lontra e, surpreendentemente, é venenoso.

Para caçar, utiliza sensores elétricos localizados no bico. Não possui estômago, seus olhos têm cones duplos e seu sistema genético é tão peculiar que inclui 10 cromossomos sexuais. E respira dentro e fora d’água.

O ornitorrinco é a “reinvenção da roda”, tudo junto misturado.

E como se não bastasse, seu corpo é fluorescente ele brilha quando exposto à luz ultravioleta, ou seja, é “diferentão” e exibicionista/narcisista.

Sabe, devo confessar uma dúvida que me aflige desde a tenra infância: seria eu uma espécie de ornitorrinco?

O fato é que me sinto assim, tal a sensação de deslocamento e não-pertencimento em vida. Pareço ter nascido atravessado, enroscado no cordão umbilical. Fora de espaço, tempo, dimensão.

Mas no entanto, tive mãe, pai, família que me deram a noção da poesia e da palavra falada e escrita.

E assim vou caminhando…

Mas carrego comigo essa sensação de desarranjo: até o meu nome é bem fora da casinha: TIBÚRCIO…Pode? …se fosse pelo menos Gedeão ou Anacleto, né? Talvez Picolino?…

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Gilberto Motta é escritor, jornalista, professor universitário de comunicação e vídeo documentarista. Mora na vilazinha litorânea da Guarda do Embaú SC e sonha um dia ter um dia um ornitorrinco como animal de estimação.