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Mistérios da humanidade

Um novo olhar sobre se deuses eram astronautas

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Autor/Imagem:
Paulus Bakokebas - Foto Editoria de Artes/IA

O sol nascia por detrás das ruínas de Palenque quando o arqueólogo deteve o passo. Diante dele, os blocos de pedra milenares projetavam sombras precisas sobre o chão úmido, como se cada ângulo, cada fenda, tivesse sido calculado por mãos que conheciam o segredo do cosmos. Ele passou a ponta dos dedos sobre um baixo-relevo e, por um instante, teve a impressão de tocar uma mensagem — não apenas de outro tempo, mas de outro mundo.

“Quem ensinou aos antigos tudo isso?”, murmurou, observando o rosto esculpido de um deus que parecia pilotar uma máquina. A dúvida ecoou em seu peito como um sussurro vindo das estrelas.

Desde então, a pergunta jamais o abandonou.

Foi essa mesma inquietação que inspirou o escritor suíço Erich von Däniken a desafiar as fronteiras entre fé e ciência. Em 1968, ao lançar Eram os Deuses Astronautas?, ele propôs uma hipótese que abalou o pensamento tradicional: e se os deuses que desceram dos céus fossem, na verdade, visitantes de outros mundos?

Pinturas rupestres, templos e textos sagrados ganhavam nova leitura. As pirâmides do Egito, as linhas de Nazca, o Mecanismo de Anticítera — todos poderiam ser testemunhos silenciosos de um contato ancestral entre a humanidade e civilizações extraterrestres.

A teoria, hoje conhecida como Hipótese dos Antigos Astronautas, sugere que nossos antepassados confundiram seres tecnologicamente avançados com divindades, transformando ciência em mito e lembrança em religião.

Os antigos textos hindus falam de “vimanas”, carros voadores que cruzavam os céus em batalhas de fogo. Os sumérios narram a chegada dos Anunnaki, “os que desceram do alto”.

Os maias, por sua vez, desenharam em pedra figuras que lembram astronautas. Seria tudo coincidência — ou fragmentos de uma memória comum?

Se Däniken estiver certo, a humanidade não seria apenas fruto da evolução terrestre, mas resultado de uma herança cósmica. Teríamos sido visitados, instruídos — talvez até criados — por seres vindos de estrelas distantes. E nossos deuses, afinal, seriam nossos pais esquecidos.

A academia, em geral, rejeita as ideias de Däniken, classificando-as como especulativas.

Mas há algo que nem a razão mais cética consegue calar: o fascínio. Como povos antigos moveram pedras de dezenas de toneladas sem tecnologia moderna? Por que tantas culturas, separadas por oceanos, falam de “deuses que vieram do céu”? E por que seguimos, séculos depois, olhando para as estrelas como quem procura um rosto conhecido?

Talvez porque algo em nós — um instinto, uma lembrança, uma centelha — ainda reconheça o chamado do infinito.

A hipótese dos deuses astronautas não pretende encerrar o debate, mas ampliá-lo.

Ela nos convida a olhar o passado com a curiosidade do poeta e a humildade do aprendiz. Talvez o universo guarde mais mistérios do que a nossa mente pode compreender, e talvez, no fundo, sejamos nós os deuses em processo de lembrança.

Enquanto telescópios varrem o espaço e arqueólogos desenterram o tempo, a pergunta permanece suspensa entre a fé e a razão:

Eram os deuses astronautas — ou somos nós os astronautas de um passado divino?

Talvez a resposta esteja menos nas ruínas e mais no próprio coração humano.

Há em cada um de nós um vazio que não se preenche com tecnologia, poder ou ciência — um eco antigo que nos faz buscar o transcendente, como quem tenta recordar um idioma esquecido.

Se os deuses um dia caminharam entre nós, partiram deixando em nossa alma o desejo de reencontro.

E é esse desejo que nos move a construir foguetes, a sondar o espaço, a escrever versos e orações. Afinal, o homem moderno talvez seja apenas o órfão das estrelas, tentando regressar ao lar que pressente, mas não recorda.

Däniken pode não ter provado sua tese com números, mas despertou algo maior: a consciência de que somos feitos do mesmo mistério que buscamos.

Por ora, é válido afirmar que enquanto houver céu e silêncio, a pergunta continuará viva. Não como dúvida, mas como promessa.

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