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Maria, Maria

Uma declaração de amor a Milton, o mineiro nascido no Rio

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Autor/Imagem:
Maria Amália Alcoforado - Foto de Arquivo

Hoje quero falar do meu amor de mulher adulta. Sim, quando me dei conta da música do Milton Nascimento, da sua voz que ainda hoje, no alto dos meus 66 anos, ecoa forte no peito, como se fosse marteladas firme em algodão. Não machuca, mas se faz presente que nem beijo dado, que provoca marcas profundas e inapagáveis. Uma delícia, por sinal.

Estava eu sentada na escada do meu prédio, aqui mesmo em Copacabana, aguardando a chegada do chaveiro, pois estava trancada do lado de fora. Sabe aquele tipo de fechadura burra, que só abre por dentro? Pois é, a minha era assim e, num descuido, totalmente culpa minha, quando fui jogar o lixo na lixeira, eis que, inconscientemente, bati a parto. Ah, que ódio!

Mas o que tudo isso tem a ver com o Milton Nascimento, talvez você esteja se perguntando. É simples, pois começou a tocar o então novo sucesso desse carioca mais mineiro do mundo. Sim, apesar de ter uma ligação imensa com Minas Gerais, o Milton é natural da Tijuca, famoso bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Para ser mais precisa, num quarto da pensão de Dona Augusta, na rua Conde de Bonfim 472. Pronto! Só por tamanha revelação, já devo ter causado reflexão de quem nem tudo na vida é o que parece.

“Maria, Maria” soou do apartamento da minha vizinha, a dona Laura, uma velhinha de seus 80 anos. Nunca tínhamos nos falado, mas não resisti e, na primeira oportunidade, alguns dias após, puxei conversa no elevador. Quer dizer, não foi exatamente assim. É que comecei a cantarolar os versos da linda canção do Milton.

— Não sabia que você gostava do Milton Nascimento, Maria Amália.

— A senhora sabe o meu nome?

— E como não saber?

Encarei aquele rosto angelical, mas com o peito cheio de rebeldia e, em seguida, caímos na gargalhada. Resumindo a história, dona Laura, que na verdade se chamava Laurinda, e eu nos tornamos amigas, com direito a tardes de domingo ouvindo os discos de vinil da Bethânia, da Gal, do Gil, do Caetano, da Elis, do Chico e, especialmente, do Milton. Ah, Milton, como te amo, meu amor!

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