ENCONTRO TEXTO-LEITORA
Uma Leitora um tanto quanto voyeur
Publicado
em
Em contraponto ao esquartejar,
A leitura é incisão no ar
que corre o risco de parecer
Brincadeira de um amanhecer…
Li em:
Notícias Literárias – sábado 03/06/2023
Uma coleção e várias vozes profissionais – a coleção Cérebro e…
A editora Carlo Marques lança, neste sábado, a partir das 10 horas, na livraria Tão Livros (Florianópolis, SC), os títulos: Cérebro e Fluxo da consciência; Cérebro, Memória e Fragmentos; Cérebro e Luto.
O editor Carlo Marques Neto, estudioso de Roland Barthes, idealizou a coleção sob o princípio da polifonia. Acredita que o título da coleção ao congregar vozes profissionais de diferentes campos do conhecimento: Educação, Psicologia, Sócio-política, Gerontologia – convoca leitores de interesse multidisciplinar.
Os títulos da coleção Cérebro e… foram escritos com linguagem acessível a leitores não acadêmicos.
São expoentes da coleção Cérebro e… psicólogas, educadoras, poetas, compositoras, militantes de causas sociais.
Compareça à sessão de autógrafos.
Foi o que li. Fui ao lançamento… Talvez para ver no fundo dos olhos dos autores qual o seu verdadeiro brilho e em suas têmporas e testas como são ou como não são suas gotas de suor. Talvez algum deles seja afeito a making off (leitura predileta desta leitora um tanto quanto voyeur).
O autor de Cérebro e Fluxo da consciência, Eduardo Gil Motta Neto, é uma pessoa sensacional. Em sua fala leu um trecho da apresentação do livro que transcrevo:
“No meu primeiro voto para presidente do Brasil já tinha No meu primeiro voto para presidente do Brasil, já tinha trinta e seis anos, apesar de ser eleitora desde os dezoito. O motivo é porque houve uma ditadura. Não guardei cartas em qualquer lugar: escondi-as todas, durante aquela temporada (“um tanto forçada”). Depois de muita terapia para restabelecer a confiança no outro, compartilhei aquelas cartas, antes que um aventureiro lançasse mão. (E dá de “o dragão do mar reaparecer”!). A vida me fez aprender com as tarefas de deitar raízes nas terras trabalhadas e de acender o fogo dos rituais do mister de ensinar. À revelia dos territórios de aprendizes estranharem minha natureza magistral afeita à água e ao ar.”
No exemplar autografado que tenho em mãos posso ler a apresentação que seu amigo Cassiano Martínez escreveu:
Entre gatos e cachorros prefere os últimos, provavelmente, porque espelhem sua fidelidade aos colegas. Seu gosto musical espelha o seu avesso. É uma pessoa discreta, respeitosa, introvertida, assertiva, ao passo que seu ritmo musical preferido é barulhento, irreverente, extrovertido, anárquico.
Num grupo multietário, sua receptividade para aprendizagem e troca faz seus silêncios valorosos e suas falas oportunas. Num trabalho conjunto, é excelente contribuição.
Suas atitudes inteligentes nunca se isentam de ética. É responsável e prestativo. Franco, sem ser inoportuno. Creio que não ri muito, pois não me recordo de suas gargalhadas. Trago mais na memória sua figura séria.
Escrever sobre ele remonta ao elemento terra.
É ligado aos vestígios que os humanos deixam ocultos, podendo ser encontrados pelos que os sucedem. Seus escritos remetem a sementes que, à revelia de abrigarem “o bem”, podem ocultar “o mal” e até revelá-lo, superando uma visão maniqueísta. De maneira que em sua escrita, pode-se ler certa germinação que ocorre em seus personagens de inspiração terra/tânatos.
Nos seus textos pode-se ler o tema da busca da liberdade que comparece sempre emoldurada pelos grilhões culturais que forjam a existência humana. Há também os personagens ígneos: como ocorre nos vulcões, o fogo represado, em algum momento, explode da terra.
O calibre de sua criação literária é potente, à revelia de não ter ainda um reconhecimento dos críticos abalizados.