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Aulas a seco

UnB vê estiagem longa e busca saída para rodízio

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Mariana Tokarnia
Carolina Paiva, Edição

A Universidade de Brasília (UnB) está tomando medidas para reduzir o consumo de água e ampliar a sua reserva. Incluída no rodízio de abastecimento do Distrito Federal, a instituição chegou a adiar o início das aulas no principal campus da instituição em função do racionamento. “O que observamos é que a crise não vai acabar no mês que vem ou no semestre que vem.

A crise tem uma perspectiva de prazo maior e precisamos estar preparados para medidas estruturais para suportar maiores restrições, já que ainda vamos enfrentar o período de seca no DF”, diz o diretor de Gestão de Infraestrutura da UnB, Alberto de Faria.

O início das aulas, programado para esta segunda (6) foi adiado para a terça (7) no campus Darcy Ribeiro, o maior dos quatro campi da UnB, localizado na Asa Norte. Com mais de 500 mil m² de área construída, diariamente o campus recebe de 20 a 35 mil pessoas, segundo Faria. Além das dezenas de institutos e faculdades, o local conta com mais de 400 laboratórios, hospitais e restaurante universitário. “Uma pequena cidade não chega a 20 mil habitantes”, diz o diretor.

Nesta segunda-feira, o expediente administrativo ocorreu normalmente. Apenas os vestiários do Centro Olímpico estão fechados, bem como o atendimento ao público externo na Biblioteca Central. Alguns laboratórios também mantiveram as atividades.

“Desde a semana passada conversamos sobre isso e decidimos pedir que as pessoas trouxessem garrafinhas de água para consumo próprio”, diz a estudante de nutrição Juliana Silva, 22 anos, que integra a equipe do Laboratório de Bioquímica da Nutrição do Núcleo de Medicina Tropical. “Muitas das atividades que desenvolvemos não dependem de água, mas mais de computadores. O semestre começou e decidimos manter as atividades”. Segundo ela, até o início da tarde, o fluxo de água estava normal.

De acordo com Faria, a suspensão das aulas não deverá ocorrer nos demais dias de racionamento. A intenção é que a instituição possa medir o fluxo de água e estar preparada para quaisquer intercorrências. Desde já, algumas medidas estão sendo tomadas para reduzir o consumo: grandes faxinas e limpezas estão suspensas nos dias de racionamento, assim como eventos sociais. O uso dos vestiários no Centro Olímpico, local que não conta com reservatório de água, também está suspenso.

Caesb não alivia – Além do dia de racionamento, o retorno da água ocorrerá em até 48 horas até a total normalização, fazendo com que a reserva seja usada por mais tempo. A universidade conta com 16 caixas d’água e cinco reservatórios de reuso.

Há cerca de três semanas, a universidade montou uma comissão de acompanhamento e controle da crise hídrica na UnB. A comissão, coordenada pelo vice-reitor Enrique Huelva, conta com professores da faculdade de tecnologia e técnicos da prefeitura da instituição. Há duas semanas, o grupo chegou a entrar em contato com a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) para pedir que a instituição ficasse de fora do racionamento. A Esplanada dos Ministérios foi poupada, mas o pedido foi negado à UnB.

A Caesb, porém, rejeita essa hipótese. “Todos os órgãos que estão nas regiões abastecidas pelos Sistemas Descoberto ou Santa Maria/Torto estão sendo afetados pelo plano de rodízio”, afirmou a estatal, em nota. Já o Hospital Universitário de Brasília (HUB), ligado à universidade, não será afetado, assim como outros hospitais e centros de saúde.

Em relação ao racionamento, a Caesb explica que em ciclos de seis dias, haverá a interrupção do abastecimento em áreas específicas durante 24 horas. Nos dois dias seguintes à interrupção, a localidade estará na situação de estabilização do sistema de abastecimento, que dura até 48 horas. Isso porque o abastecimento de água, depois de interrompido, não retorna de imediato. Ou seja: são um dia sem água, dois dias em fase de estabilização e três com abastecimento normalizado, e assim continuamente, até que o rodízio possa ser interrompido.

Longo prazo – A UnB também prevê interligar a rede interna para proporcionar uma maior eficácia às caixas d’ água e estuda instalar uma caixa no Centro Olímpico. Medidas como a disponibilização de banheiros químicos ou mesmo a realização de aulas por plataformas à distância não estão descartadas, caso haja uma intensificação da crise.

“Temos medidas acadêmicas para suprir as condições de ensino que serão colocadas na medida em que haja uma restrição da universidade. Temos plataformas digitais que ministram disciplinas [a distância] e podemos fazer o remanejamento de ambientes para que a gente possa manter no semestre a carga horária planejada. Concretamente, a gente não chegou perto do pior cenário. Estamos monitorando para verificar. Essas medidas não foram avaliadas porque ainda não se apresentaram como necessárias”, diz Faria.

Segundo o diretor, o consumo máximo que a universidade tem identificado é de 1,7 mil metros cúbicos de água por dia. Os reservatórios e caixas d’água têm capacidade de 2,8 mil metros cúbicos de armazenamento. “Temos a capacidade de reservatórios de praticamente uma vez e meia a necessidade de consumo. Mas, obviamente, a crise não vai se encerrar no próximo mês, é uma questão que pode ser estendida em 2017 e pode afetar 2018”.

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