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Tocantins serve de teste

Urnas indicam que só com macumba para vencer eleição

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Kleber Ferriche, Especial para Notibras

As eleições suplementares realizadas no Estado de Tocantins, depois que o governador Marcelo Miranda (MDB) foi cassado, antecipa uma lição que deve ser considerada pelos estatísticos e profissionais competentes dedicados ao marketing de produtos. Os candidatos são produtos. Os números chegam às calculadoras dos estatísticos e seus pais de santo que estão implorando mais oferendas para entender o que está acontecendo nesse mundo dos mortais.

Vamos lá: o jovem Tocantins tem pouco mais de 1 milhão de eleitores – 1.018.329, para ser mais preciso –, que não são diferentes dos demais brasileiros habilitados a escolher, ou não, os nomes apresentados para as eleições. As urnas eletrônicas inauditáveis revelaram a preferência dos ex-goianos de forma emblemática. Mauro Carlesse (PHS), com 30,31% dos votos válidos e Vicentinho Alves (PR), com 22,22%, estão carimbados para o segundo turno no dia 24 de junho.

Mas a conta a ser considerada não é essa. Aos mais atentos, Carlesse obteve a aprovação de apenas 17% do total de eleitores aptos e Vicentinho não mais que 12%. Nosso sistema para escolher governantes permite essa aberração. Mais de 80% dos portadores de títulos eleitorais e suas famílias não desejam nenhum dos dois no Palácio Araguaia. Mas um deles estará lá após o dia 24 de junho.

A indignação atingiu diretamente mais de 306 mil tocantinenses que preferiram caminhar nas dunas do Jalapão e deixar as urnas de lado. Além das abstenções, outros 120 mil anularam o voto. Mais de 14 mil votaram em branco. Os desinteressados, portanto, estão habilitados a ocupar a cadeira do governador. Representam a maioria quase absoluta da população.

Outra curiosidade está no fato de Carlos Amastha (PSB) quase ter levado a vaga do segundo colocado, Vicentinho, obtendo 21,41% dos votos válidos. Amastha foi esnobado e na última hora defenestrado pelo PT que ama Katia Abreu (PDT), que ama Gleisi Hoffmann (PT), que ama 51, ops, que ama Lula (Nada), que ama toda a família de encarnados. A presidenta (sic) e namoradinha do Partido dos Trabalhadores providenciou uma carta no cárcere, recomendando Katia Abreu ao cargo, assinada pelo morador Lula. Datiloscopistas não participaram disso, foi de boa fé.

A rebelde senadora do agronegócio, agora comunista, saiu desfilando com a cartinha de recomendação de seu ex-patrão e ex-patroa pelos rincões – Dilma também referendou a cowgirl revolucionária – mas não conseguiu emprego novo. Ao contrário, expôs as vísceras da esquerda e amargou 8% do eleitorado total, um vergonhoso quarto lugar, apenas na frente de Marlon Reis (Rede) que não chegou a dois dígitos e dos traços Marcos Souza (PRTB) e Mário Avelar (PSol). Só conseguiu revelar o tamanho atual das seitas que prometem a pinga com rapadura de graça em troca da alma escrava. Ah… nosso pai…

Se a tendência revelada por esse mercado-teste for admitida para as outras unidades da Federação, então o conhecido blocão da esquerda e simpatizantes podem iniciar um preparatório para concurso público. Pela votação experimentada na prévia, será difícil que o PSB, PDT, PT, PSol, PCdoB, Solidariedade, Rede e penduricalhos tenham êxito. Ficam ainda incógnitas as grifes como PSDB, MDB, Democratas, PTB, que escaparam do teste direto.

Como em todo cenário onde são permitidas ilações, podemos imaginar que pau que dá em Chico dá em Francisco. Os números são, devemos aceitar, reais, segundo as misteriosas urnas eletrônicas que até a Alemanha dispensou para readotar o voto manual – aquele com cédula de papel e marcado com caneta.

Resumo de uma triste metodologia de deferir o poder e legitimar a democracia: 1. metade dos eleitores não quer saber de eleições; 2. partidos de esquerda separados dos pares e individualmente atingem, na melhor das hipóteses, pouco menos de 10% dos votos válidos; 3. partidos de esquerda unidos atingem, na melhor das hipóteses, pouco menos de 30% dos votos válidos.

Mas são meras ilações. Pode ser coisa do Tocantins. Pode ser apenas um roteiro de novela. Com a palavra o preto velho.

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