Verdades... e verdades
Versões podem ser a minha, a sua e o que realmente aconteceu
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Cada um de nós tem a sua verdade. É uma coisa muito pessoal, que não tem como ser partilhada com outras pessoas. Pois a visão delas não será a mesma que a nossa e por esse motivo poderão não compreender aquilo que para nós é límpido, cristalino. Sim, a verdade tem muitas facetas.
Inclusive costumamos dizer que esta tem, no mínimo, três versões… a minha, a sua e o que realmente aconteceu…
Mesmo quando estamos diante de um fato irrefutável essa discrepância permanece. Isso porque, por mais que tentemos chegar a um denominador comum, sempre haverá algum detalhe que nos escapa, e que dará razão ao outro lado… e isso não significa que a nossa versão tenha algum erro… simplesmente, como já disse, há verdades e verdades… depende de que ângulo estamos observando os fatos…
Essa é uma visão aplicável a todos os segmentos da vida. Tanto no campo pessoal como social. Afinal, tudo está interligado. A vida é um emaranhado de coincidências tal que, por mais que não percebamos, todos os nossos atos estão interligados. Nosso destino se cruza a todo momento, como que se tudo já estivesse escrito e apenas estamos realizando a performance esperada… a vida seria um grande teatro, onde somos atores, representando os papéis que nos cabem…
É nesse momento que a verdade de cada personagem é definida. Porque, para que tal ação se desenrole de acordo com o roteiro original, é necessário que o ator em ação se dispa de todos os seus conceitos e siga rigorosamente o que lhe foi determinado. Pode até ser que, em um primeiro momento, não consiga perceber qual a motivação de tal cena… e de repente pode ser que nunca venha a entender…
Quantas vezes você não tomou uma atitude e, mais tarde, ficou pensando em porque agiu daquela e não de outra maneira? E não estou falando de situações em que o resultado nos foi negativo… mesmo quando tudo sai a contento, quando analisamos tudo o que ocorreu ficamos em dúvida quanto à forma que encaramos a situação passada… mas foi o caminho que encontramos naquele momento, foi a verdade que nos foi apresentada…
Sim, cada um de nós representa não um, mas vários papéis simultâneos nesse grande palco onde nos encontramos. Na maioria das vezes, como figurantes… em raríssimos casos, temos uma ponta sem muita importância.
Geralmente não entendemos porque os holofotes são direcionados para certos personagens e nós somos relegados a ficar no canto do palco…
Chega a ser engraçado… não somos protagonistas nem de nossa própria história. Geralmente o papel que nos cabe é servir de escada para alguém aparecer… porque, bem, a sua apresentação é mais interessante que a nossa performance…
E assim vamos seguindo a vida… de palco em palco, de representação a representação, até que chegue a hora de nos despedirmos da ribalta… sim, pois uma hora teremos que sair de cena, mesmo que não tenhamos tido a oportunidade de mostrarmos todo o nosso talento… não conseguimos colocar na mesa nossas convicções, nosso pensamento… nossa verdade…
Algumas ideias permanecerão latentes no grupo e, com certeza, serão retomadas por outros atores que subirão ao palco. E em algum momento serão consideradas verdades absolutas pela maioria dos atores que com ela tiverem contato… mas a fonte original será esquecida e tal verdade receberá o selo de “sabedoria popular”… porque o ator que apresentou a ideia originalmente não tinha carisma suficiente para deixar sua marca no grande público que acompanhava o desenrolar da apresentação…
Estranho isso, não é mesmo? Somos público e atores ao mesmo tempo… estamos na plateia e no palco, simultaneamente… nosso desejo mais íntimo? Que nossa verdade seja reconhecida em algum momento pela Sociedade da qual fazemos parte… e que, ao mencionarem “nossa” verdade, que se lembrem de quem fomos quando a apresentamos…