Currículo extenso
Vida nos ensina tanta coisa… como conhecer pets por nomes próprios
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Eu já fiz tanta coisa na vida que às vezes me pergunto se não deveria abrir uma empresa só para registrar meus próprios “currículos paralelos”. Houve uma época, por exemplo, em que eu fui dona de uma clínica veterinária junto com meu marido, que é veterinário de formação. Foi um período de muito trabalho, mas também foi divertidíssimo.
Eu gostava do contato com os bichos, principalmente os cães. Cada um deles parecia ter uma personalidade tão única que até hoje lembro de alguns com carinho. Só que, confesso, a parte que mais me divertia era o nome dos pacientes. Teve uma yorkshire chamada Britney, um fila batizado de Dengoso (nada mais contraditório), um shitzu de nome Pudim e um viralatinha que atendia por Pega Leve.
Mas o auge, para mim, eram os cães batizados em homenagem à nossa música brasileira. Passaram por lá Bethania, Gal, Gadu, Chico, Gil e Milton. Cada consulta parecia uma reunião da MPB ao vivo. Talvez seja por isso que minhas cadelas se chamam Belchior e Clara Nunes. Porque, no fundo, eu sempre quis ter um festival particular em casa.
Às vezes eu me pergunto: de onde vem tanta criatividade dos tutores? Será que eles escolhem os nomes inspirados na playlist do dia? Ou será que é uma vingança disfarçada: “já que você vai me acordar de madrugada latindo, vai se chamar Chico Buarque e pronto”?
O fato é que, no meio de tanto trabalho, eram esses nomes improváveis que transformavam as consultas em pequenas histórias divertidas. Afinal, entre uma vacina e outra, nada como chamar “Pega Leve” em voz alta para deixar a vida mais leve mesmo.