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Terrorismo eleitoral

Violência bandida, selvagem e odiosa perde guerra das urnas

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Júnior* - Foto Ricardo Stuckert

Na eleição mais acirrada, mais violenta e mais bandida de toda a história eleitoral republicana, a a esperança e a paz se sobrepuseram à selvageria e ao ódio. O derrame de dinheiro público, o uso criminoso da máquina pública, a sujeirada das fake news, a compra explícita de votos e a safadeza de última hora do comando da Polícia Rodoviária Federal não foram suficientes para garantir um segundo mandato ao mito de barro. Venceu a democracia. O país está dividido, mas ficou claro que contra a vontade do povo não há argumentos. Jair Messias mentiu, falseou, não convenceu e perdeu. E agora, Jair? O golpe falhou, o terrorismo não vingou, os votos não vieram e Deus realmente acabou acima de tudo e de todos. E agora? O que dizer para a massa enganada desde os tempos de parlamentar?

Foram horas, dias, meses, quase quatro anos de profunda agonia, de negacionismo mortal e de uma assustadora letargia. Parecia que aquele um terço fiel do eleitorado havia sofrido um bem aplicado Boa Noite Cinderela. Graças aos dois terços de fiéis à corrente do bem, passou a fase da inconsciência. Depois de respirar por aparelhos um mandato inteiro, o Brasil acordou. E acordou para nunca mais se deixar envolver por aventureiros, tampouco por fanáticos sonhadores com as virgens do paraíso. Enfim, acabou o longo e tenebroso pesadelo. Pintou um clima, mas um clima de vitória contundente. Luís Inácio é o novo presidente do Brasil. Será seu terceiro mandato. Com ele, certamente o país vai resgatar a autoestima, o poder de compra e ser riscado definitivamente do mapa da fome.

Desde sua posse, em janeiro de 2019, Bolsonaro uniu simpatizantes em torno de um discurso pra lá de mentiroso. Disse que iria arrumar a casa e alguns acreditaram. Entretanto, o tempo passou e a casa virou um desmantelo. Com apoio do mundo que sempre se opôs ao modus operandi do tenente presidente, é hora de rearrumar a desarrumação. Obviamente que Lula da Silva não era o candidato dos sonhos de expressiva parcela dos 156 milhões de eleitores. No entanto, não há dúvida de que ele será o presidente de todos os 213,4 milhões de brasileiros. Claro que as viúvas de Jair Bolsonaro continuarão cultuando um mito que surgiu do nada e ao pó voltará a partir de janeiro de 2023.

Além de recolocar a economia nos eixos, recuperar a saúde e a educação e reconquistar a simpatia das potências econômicas, o grande desafio do presidente eleito é unificar um país rachado. Nada impossível para quem foi acusado de apoiar bandidos e de ser favorável ao aborto. Contra o terrorismo oficial, Luiz Inácio ganhou seu terceiro mandato presidencial por pontos. Foi uma vitória na garra, no gogó e contra um bando de loucos fanatizados por um ser que de presidente só tinha a faixa. Lula ganhou, mas o grande vitorioso foi o povo brasileiro que venceu a hipocrisia, a ignorância e a bestialidade. Ganhou o povo que lutou pela paz, pela tranquilidade e pela liberdade de circular e emitir opiniões onde bem entender.

Também é de se louvar o sistema eleitoral brasileiro, especialmente as urnas eletrônicas, desacreditadas até o último suspiro do bolsonarismo. Nunca um país de dimensões continentais como o nosso divulgou, com segurança absoluta, um resultado presidencial duas horas e meia após a conclusão da votação. As urnas do meu amigo Zé mais uma vez mostraram que não mereciam o achincalhe do bolsonarismo. Ao fim e ao cabo, a democracia derrotou a tirania e o ódio. O país realmente está dividido. Apesar disso, um dia todos perceberão que o Brasil vale a pena. Não importa o que aconteça, a nossa vida sempre será um grande show. E todo show tem de continuar.

Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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