Curta nossa página


Alagoas

Violência contra a mulher cresce; Samu atende 20 casos por mês

Publicado

Autor/Imagem:
Júlia Severo - Foto Divulgação

A violência contra a mulher segue em crescimento em Alagoas e tem gerado impactos diretos no sistema de saúde de urgência. Dados recentes apontam que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atende, em média, 20 ocorrências por mês envolvendo mulheres vítimas de agressões, número que acende um alerta para a gravidade do problema no estado.

Os chamados ao Samu incluem casos de agressões físicas, ferimentos por armas brancas, violência doméstica e situações de extrema vulnerabilidade emocional. Na maioria das ocorrências, as vítimas são socorridas dentro de suas próprias casas, o que reforça o caráter doméstico da violência e a dificuldade de rompimento do ciclo de agressões.

Profissionais do Samu relatam que, além dos ferimentos visíveis, muitas mulheres apresentam sinais de abalo psicológico, medo e resistência em denunciar os agressores. “Em muitos atendimentos, a vítima pede ajuda médica, mas evita registrar ocorrência por receio de represálias ou por dependência financeira e emocional”, afirma um socorrista que atua no serviço.

Especialistas destacam que os números podem ser ainda maiores, já que grande parte dos casos de violência contra a mulher não chega aos serviços de emergência ou não é oficialmente registrada. O silêncio, o medo e a normalização da violência contribuem para a subnotificação e dificultam a atuação efetiva do poder público.

Perfil das ocorrências
De acordo com o Samu, a maioria dos atendimentos acontece à noite e nos fins de semana, períodos em que aumentam os conflitos familiares. As vítimas têm, em geral, entre 20 e 45 anos, e os agressores costumam ser companheiros ou ex-companheiros, o que reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção da violência doméstica.

Após o atendimento pré-hospitalar, muitas mulheres são encaminhadas para unidades de saúde de média e alta complexidade, onde recebem cuidados médicos e, em alguns casos, acompanhamento psicológico. No entanto, a rede de proteção ainda enfrenta desafios para garantir acolhimento contínuo e segurança às vítimas.

Rede de enfrentamento e denúncias
Autoridades e entidades de defesa dos direitos das mulheres ressaltam a importância da denúncia como ferramenta fundamental para combater a violência. Canais como o Disque 180, além das delegacias especializadas e da Polícia Militar, funcionam como portas de entrada para a rede de proteção.

“O enfrentamento da violência contra a mulher não depende apenas da repressão, mas também de educação, prevenção e apoio social”, destacam representantes de movimentos sociais. Campanhas educativas e o fortalecimento dos serviços de acolhimento são apontados como medidas urgentes para reduzir os índices e salvar vidas.

Enquanto os números continuam crescendo, o trabalho do Samu evidencia uma realidade dura e cotidiana: a violência contra a mulher em Alagoas é um problema de saúde pública, social e de direitos humanos, que exige ações integradas e permanentes para ser enfrentado.

Publicidade
Publicidade

Copyright ® 1999-2025 Notibras. Nosso conteúdo jornalístico é complementado pelos serviços da Agência Brasil, Agência Brasília, Agência Distrital, Agência UnB, assessorias de imprensa e colaboradores independentes.