Michelle
Viúva de marido vivo fica como pau de galinheiro
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Michelle Bolsonaro tornou-se, aos olhos da política nacional, uma espécie de viúva de marido vivo. A situação de Jair Bolsonaro, por conta da trama golpista que tentou corroer as bases da democracia brasileira, coloca sobre ela uma aura fúnebre, paradoxal: enquanto o ex-presidente ainda respira em semi-liberdade, seus últimos suspiros políticos já estão engaiolados por provas contundentes, delações firmadas e alianças esfareladas.
Nesse cenário, Michelle emerge como figura ambígua. Publicamente, veste o luto do silêncio ou da piedade cristã; nos bastidores, articula-se como possível herdeira de um legado que já nasceu maldito. Ela tenta se manter no palco, mas pisa sobre tábuas podres: a moral que defende, o discurso que entoa, tudo colide com a realidade de um clã afundado em investigações, rachadinhas e golpismo amador.
Não se pode ignorar a estratégia por trás da vitimização. Transformar Michelle em mártir pode ser a última cartada do bolsonarismo: uma viúva simbólica, devota e “injustiçada” pelo sistema. Mas a nação assiste cada vez menos encantada. Há um país exausto de farsas, que clama por justiça – e essa justiça, ao que tudo indica, já bate à porta da mansão do condomínio em que o luto é performado, mas o poder ainda é ambicionado.