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Pensar no futuro

Voto é a arma capaz de romper as algemas do pessimismo

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo - Foto Valter Campanato

Como bom samaritano, às vezes chego às vias de fato contra minha consciência para defender os que idolatram alguém ou alguma coisa. É claro que os ídolos fazem bem para corpos e mentes sãs. O problema é quando a idolatria alcança em cheio os doentes, aqueles em que o mal da maldade começa na raiz, isto é, na formação da alma, do gene. Daí para se transformar em fanatismo é pura questão de tempo. Basta aparecer um ser ainda mais hostil e com um mínimo de inteligência para assanhar os fãs. O modus operandi é simples: tudo que seu mestre mandar, faremos todos, mesmo que estejamos criando monstros. Isso não é um enredo de novela mexicana, mas uma constatação a respeito do Brasil de hoje.

Sem exageros, somos governados por um presidente omisso e que, como escreveu o general da reserva Paulo Chagas, ex-apoiador do governo de Jair Messias, “refém de uma facção política”. Infelizmente, é a verdade nua e crua. A tal facção não é uma invenção do general. Ela é antiga e vive como sanguessuga de administrações de anteontem, de ontem e, sobretudo, de hoje. No período do mito, ela ressurgiu depois do constrangedor enfraquecimento público do mandatário. O fato é que, mesmo odiada por setores mais ortodoxos do próprio governo Bolsonaro, ela veio para ficar. E nem de longe lembram irmãos siameses.

Suas lideranças podem até aceitar pitacos de diferentes cabeças, mas, quando se trata do din din público, o cofre é de propriedade exclusiva de seus representantes, principalmente os morubixabas. Os adjetivos para a facção política em questão são vários. Entretanto, nenhum deixa seus líderes ruborizados. Pelo contrário. Tiram de letra, pois, como profundos conhecedores da falta de memória do eleitor, têm certeza de que terão votos suficientes para continuarem mamando nas tetas gordas da viúva. Não se incomodam nem mesmo com a comparação com o celular pré-pago, aquele que só funciona se botar crédito. É a esse caranguejal que estamos entregues. Pior é que não há solução a curto prazo.

Todavia, temos obrigação de pensar no futuro. E o futuro está logo ali, mais precisamente no dia 2 de outubro. Quem sabe não recuperamos a paz e o verdadeiro patriotismo em janeiro de 2023. Com certeza, é esse o desejo da maioria dos brasileiros. É claro que iniciar um novo caminho assusta muita gente. Faz parte do jogo da vida. Entretanto, depois de um tempo começamos a perceber que era mais perigoso permanecer parado. O segredo para a pavimentação de uma sólida estrada é sempre um começo positivo.

Comecemos pela ousadia de não aceitar que o fanatismo à direita (e também à esquerda) perturbe a ordem e nos transforme em serviçais irrecuperáveis ou em súditos incapazes de proferir algo mais contundente do que um amém. Somos muito mais do que simples adeptos do quanto pior melhor. É dessa forma que temos de nos perfilar em outubro. Temos a nosso favor o voto secreto e soberano, a arma mais poderosa de uma eleição. É a partir dele que romperemos as algemas que nos atam ao pessimismo. Por mais que ainda duvidemos das boas intenções de quem eventualmente nos decepcionou, tentemos esquecer as chagas do incômodo passado.

Mentalizemos o progresso e abracemos a nobre tarefa de reerguer social e economicamente o Brasil. As alternativas são apenas duas. O país está abandonado e isolado do mundo. Isso não nos faz menor. Pelo contrário. Deve nos dar a necessária força para alcançarmos a certeza de que o tempo a tudo encaminha e a tudo corrige. Embora incomode à minoria, o que for verdadeiro virá. Que as lutas sejam vencidas sem traumas e que a alegria volte a fazer morada no coração do povo brasileiro. O mais importante é a fé em dias melhores. Sejamos felizes, pois loucos já estamos. Tenhamos consciência de que quem não sabe perder não merece ganhar.

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