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Chegando lá

Zap de Cid e Ailton escancara porta sobre morte de Marielle Franco

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Marina Amaral, diretora executiva da Agência Pública - Foto Marcelo Camargo

Em sua longa e medíocre carreira política. Jair Bolsonaro construiu um esquema de enriquecimento – das rachadinhas nos gabinetes dele e de seus filhos a transações irregulares e ultra lucrativas de imóveis. Associou-se a bandidos, como o ex-PM Fabrício Queiroz, que recebia o dinheiro para a famiglia, incluindo os mais de 200 mil reais repassados pela mãe e irmã de Adriano Nóbrega, condenado por assassinato e pistoleiro conhecido do Escritório do Crime, condecorado pelos Bolsonaro.

Não admira que em meio ao cerco que agora enfrenta por outros crimes – estes cometidos no exercício da presidência – seu assessor dileto e encarregado da grana da família presidencial, o tenente-coronel Mauro Cid, tenha sido flagrado, em diálogo escuso que envolveu até o assassinato de Marielle Franco, em 19 de março de 2018, até hoje sem identificação do mandante.

“Eu sei dessa história da Marielle toda, irmão, sei quem mandou. Sei a porra toda. Entendeu?”, disse o militar da reserva Ailton Barros a Cid em 30 de novembro de 2021, em meio a tratativas de baixo calão: Barros queria um favor para o ex-vereador Marcello Siciliano (que chegou a ser investigado no caso Marielle) em troca da inserção de dados falsos no sistema de vacinação de Duque de Caxias (RJ) para beneficiar a esposa de Cid. Caxias fica na baixada fluminense, dominada pela milícia. Ambos foram presos na quarta-feira pela Polícia Federal durante as investigações sobre fraude no SUS.

Cid, Barros e Jair Bolsonaro teriam se associado para cometer os seguintes crimes, segundo o ministro Alexandre de Moraes: infração de medida sanitária preventiva, falsidade ideológica, uso de documento falso, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. “A falsificação pegou a família do Cid, Bolsonaro e sua filha, os seguranças que foram para os Estados Unidos, dezenas de pessoas”, detalhou a jornalista Míriam Leitão.

O mesmo tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro está envolvido em outro dos crimes do chefe: o descaminho das jóias de quase 20 milhões de reais da Arábia Saudita, talvez propina, como revelou a Agência Pública, já que foram “presenteadas” durante o lobby para o Brasil entrar na Opep. Outro escândalo que pode levar Bolsonaro à inelegibilidade e talvez à cadeia, assim como as investigações sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro.

É até desconcertante que Bolsonaro não seja julgado por seus crimes maiores – o genocídio dos Yanomami e as centenas de milhares de vítimas de mortes evitáveis de brasileiros durante a pandemia. Mas os crimes investigados são graves o bastante para que ele tenha o destino que merece: o banimento da vida política nacional, se possível, no isolamento da prisão.

Não há mais dúvida de que o Brasil foi tomado por uma quadrilha com a ascensão de Bolsonaro. Que tudo seja investigado até o fim, incluindo as relações da família com a milícia. Não podemos encerrar esse período vergonhoso sem responder à pergunta: Quem mandou matar Marielle?

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