Cruz Credo!
Velhas e controversas ligações dos Templários, a Igreja e a Maçonaria
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“Papa Clemente, cavaleiro Guillaume de Nogaret, rei Felipe…Convoco-os ao Tribunal dos Céus antes que termine o ano, para que recebam vosso justo castigo. Malditos… Malditos… Malditos… Sereis malditos até treze gerações…”. O Grão-Mestre templário Jacques de Molay esbravejou estas palavras proféticas enquanto ardia na fogueira da Santa Inquisição, na manhã de 19 de março de 1314, junto com o companheiro Godofredo de Charnay. Logo depois morria o Papa Clemente V, e desapareciam o rei da França Felipe IV, o Belo, e o seu ministro Nogaret, em circunstancias misteriosas. Ambos haviam desempenhado um papel crucial na aniquilação dos Templários, e no confisco das riquezas inestimáveis acumuladas pela Ordem Secreta.
No início do século XIV, o rei Felipe IV estava endividado com os Templários, quando iniciou a perseguição dos Cavaleiros da Ordem, junto com o Papa Clemente V, acusando-os de heresia e outros crimes. Em 1307, centenas de templários foram presos, torturados, lançados na fogueira e seus bens confiscados. Em 1312, o Templo foi oficialmente dissolvido pelo Papa Clemente V.
A Ordem do Templo ou dos Templários foi fundada no ano de 1118 pelo fidalgo francês Hugo de Payens, quando reuniu um pequeno grupo de 9 combatentes religiosos, incluindo o próprio Hugo. Na numerologia hermética pitagórica o 9 representa o início e o fim, o ideal de perfeição e realização. O objetivo do Templários era proteger os peregrinos católicos que viajavam à Terra Santa, e eram atacados por hordas de muçulmanos. O poderio militar e o expansionismo dos sarracenos no Oriente Médio se transformaram em séria ameaça à permanência dos cristãos na Terra Santa, principalmente na cidade sagrada de Jerusalém. Para defender as terras conquistadas, reis, príncipes e nobres europeus uniram forças para criar as “cruzadas”, os Guerreiros de Jesus com a missão de garantir a posse de Jerusalém e arredores, inclusive o Egito.
A primeira cruzada, organizada em 1099 com incentivo do papa Urbano II, ocupou Jerusalém, garantindo aos viajantes europeus acesso à Terra Santa. Mas, as rotas dos lugares sagrados estavam cercadas de perigos. Os muçulmanos armavam emboscadas em pontos estratégicos, dizimando sistematicamente os cristãos. Por esse motivo, Hugo de Payens, veterano da primeira cruzada, formou o grupo de cavaleiros para a proteção dos peregrinos.
Um ano após a fundação dos Templários, um pequeno grupo de cavaleiros atravessou o mar Mediterrâneo para se fixar no Templo de Salomão, em Jerusalém, com a finalidade de defender os lugares santos. Desde então, os Cavaleiros Templários se autodenominaram “Soldados Pobres Seguidores de Cristo e do Templo de Salomão”, pois declaravam fé em Cristo com voto de pobreza e obediência ao Papa.
Face ao êxito obtido na proteção dos peregrinos, os Templários juraram guardar as estradas e caminhos da Terra Santa, adotando uma existência de castidade, obediência e pobreza, lutando com a mente pura para o verdadeiro e supremo Rei. Com a cruz numa mão e a espada na outra, os Cavaleiros Templários tinham permissão da Igreja para matar os infiéis muçulmanos e pilhar seus bens. Segundo o decreto do Papa Urbano II “Matar um infiel não é assassinato, é o caminho para o Céu”. O portão das chacinas estava aberto e o perdão pelas atrocidades garantido.
Em reconhecimento à atuação dos Cavaleiros Templários, o monarca leproso Balduino II, rei de Jerusalém, concedeu-lhes parte do palácio real, localizado próximo ao Templo de Salomão, daí o nome “Templários”. Assim, os pobres cavaleiros puderam fazer um “pé de meia”, pois, se seguiram muitos outros donativos, ofertados aos Templários durante 200 anos, até o colapso da Ordem.
No andar da carruagem, a Igreja concedeu aos Templários isenção no pagamento de dízimos, o direito de possuírem seus próprios templos, e a ordenação de sacerdotes, obedecendo apenas à autoridade do Papa. Em virtude da riqueza acumulada, em ouro, prata, pedras preciosas, terras, vilas, castelos, cavalos, navios e armamentos, os Templários se converteram numa das forças mais poderosas da Europa, poder esse que levaria a Ordem do Templo à destruição.
A independência e riqueza dos Templários soou como ameaça aos bispos, sacerdotes, nobres e reis, especialmente o rei Felipe IV da França, o Belo. O Cavaleiros do Templo cogitavam, inclusive, a criação de um Reino Templário em território francês. Foi a gota d’água para a ruína da Ordem. Junte-se a essa pretensão, o elevado endividamento do rei Felipe com os Templários, pois eles funcionavam como bancos, concedendo empréstimos vultosos, serviços e favores aos reis e à nobreza europeia. Todavia, o Papado estava empenhado no fortalecimento da presença cristã na Terra Santa, emitindo sucessivos decretos para proteger a Ordem dos Templários. Além do mais, todo aquele que perseguisse os Templários estava sujeito à excomunhão.
Dissolvida a Ordem dos Templários na França, em 1312, houve uma diáspora dos sobreviventes que se refugiaram em território francês, e buscando abrigo onde os Templários se mantinham ativos, como a Alemanha, Espanha, Inglaterra e Portugal.
Como “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, frase atribuída ao químico francês Antoine Lavoisier, os Templários renasceram das cinzas. Na Espanha foram declarados inocentes; na Inglaterra o rei Eduardo II proclamou a inocência dos Templários. Na Inglaterra, Escócia e Irlanda os Templários aderiram à Ordem dos Hospitaleiros, além de diversos monastérios e abadias. Alguns foram condenados na Alemanha e na Itália, porém a maioria permaneceu em liberdade para integrar-se em outras sociedades ou no clero. Em Portugal, os Templários foram acolhidos pela Ordem de Cristo, e acomodados pelo rei na Vila de Tomar. Na Carta Régia, publicada em 1169, Dom Afonso Henriques, rei de Portugal e Cavaleiro Templário, confirmou a doação da Vila de Tomar aos Templários, e também o castelo do Zêzere e a Quinta de Cardiga, na região de Golegã.
Em Tomar, os Templários se transformaram em grandes investidores, construindo Igrejas, logradouros, pontes, aquedutos e financiando as grandes navegações. As digitais dos Templários estão por toda a parte na Península Ibérica, inclusive nas velas que impulsionavam as naus de Vasco da Gama: brancas contendo uma imensa cruz vermelha gravada no centro.
Os Templários deixaram um legado duradouro na história, na formação de muitas outras sociedades secretas, e entre essas a Maçonaria. Todavia, devemos considerar que as raízes da Maçonaria se aprofundam no tempo, cujos princípios, rituais e símbolos forma buscados no Zoroastrismo, Egito antigo, no Hermetismo Cristão e, mais recentemente na Ordem Iluminati. Alguns exemplos são os símbolos sagrados utilizados pelos maçons, como o Olho de Órus, o compasso e o esquadro do Grande Arquiteto Divino, vestuários e armamentos dos Templários. A Maçonaria e os Templários têm em comum a estrutura hierárquica, com diferentes graus e níveis de iniciação. O lema da Maçonaria “Fraternidade, Igualdade e Liberdade” segue o espírito da Revolução Francesa “Fraternité, Égalité et Liberté”, que é a mesma regra dos Cavaleiros Templários.
Se é ou se não é, isso é outra história.
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Hussein Sabra el-Awar é Membro Conselheiro do Colégio dos Magos e Sacerdotisas – @colegiodosmagosesacerdotisas
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