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Reino Unido independente rompe cordão umbilical e desmonta União Européia

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Os britânicos decidiram sair da União Europeia no referendo realizado na quinta-feira, 23, segundo os resultados divulgados na madrugada desta sexta pela rede de televisão BBC. Os partidários do Brexit abriram uma vantagem de 16,8 milhões de votos, o que assegura matematicamente a vitória.

O líder do Brexit Nigel Farage foi enfático: “Agora me atrevo a sonhar com um Reino Unido independente. É a vitória da verdade, da gente simples”, disse. “Faremos isto por toda a Europa. Espero que esta vitória derrube este projeto falido e nos leve a uma Europa de Nações soberanas”.

“Vamos nos livrar desta bandeira (europeia), de Bruxelas e de tudo que fracassou. Façamos deste 23 de junho nosso dia da independência”, declarou Farage.

Já o líder do partido republicano Sinn Fein, Declan Kearney, estimou que a província britânica da Irlanda do Norte deve realizar um referendo sobre sua união com a Irlanda após a saída do Reino Unido da UE. “Temos esta situação em que o norte está sendo arrastado para fora (da UE) pelo resultado na Inglaterra (…). O Sinn Fein pressionará por sua demanda de referendo”.

A ducha de água fria na UE começou em Newcastle, primeira cidade a divulgar resultados, onde a permanência venceu por pequena margem, mas muito inferior às previsões favoráveis à permanência, com 50,7% contra 49,3%. Porém, em Sunderland, outra cidade do norte da Inglaterra, a saída do grupo europeu ganhou com ampla vantagem, por 61,34%, contra 38,66%.

Escócia e as grandes cidades votaram pela permanência na UE, inclusive superando as previsões, mas regiões inteiras do centro e do sul da Inglaterra, e o País de Gales, apoiaram em massa pela saída do Bloco.

Londres, Glasgow, Aberdeen e Liverpool votaram a favor da UE, mas cidades de tradição operária e portos pesqueiros deram um rotundo ‘não’ à permanência na UE.

Pânico nos mercados – Os mercados asiáticos foram dominados pelo pânico nesta sexta-feira, diante do resultado favorável à saída do Reino Unido da União Europeia.

A Bolsa de Tóquio recuava 8%, e Hong Kong e Sidney perdiam algo em torno de 3% no final da manhã (horário local).

Por volta das 03H15 GMT (00H15 Brasília), a libra esterlina era cotada a 1,3466 dólar, seu nível mais baixo em relação à moeda americana desde 1985. Minutos depois, caía a 1,33 dólar.

Paralelamente, o dólar era cotado abaixo dos 100 ienes e o euro, a menos de 110 ienes.

“O Banco do Japão anunciou sua disposição de facilitar a suficiente liquidez, utilizando em particular as operações de ‘swap’ em vigor entre os seis bancos centrais, para garantir a estabilidade dos mercados”, declarou o governador Haruhiko Kuroda à AFP.

As ações dos grupos bancários Standard Chartered e HSBC, com sede em Londres, recuavam 9,2% e 8,6%, respectivamente, na Bolsa de Hong Kong.

No setor petroleiro, o barril do West Texas Intermediate para entrega em agosto cedia 3,11 dólares, a US$ 47,00. O barril do Brent do Mar do Norte recuava 3,14 dólares, a US$ 47,77.

Aposta no desconhecido – As casas de apostas britânicas mudaram sua tendência na madrugada de sexta-feira e passaram a antecipar a vitória do Brexit.

Após dois meses de uma campanha dura e tensa, que teve como momento mais dramático o assassinato da deputada trabalhista e pró-UE Jo Cox, 46,5 milhões de eleitores responderam a seguinte pergunta: “O Reino Unido deve permanecer como membro da União Europeia, ou abandonar a União Europeia”?

Nunca um grande país abandonou a UE desde o nascimento do projeto europeu nos anos 1950, quando as nações ainda viviam sob os escombros da Segunda Guerra Mundial, e metade do continente era governado por ditaduras. Atualmente, a UE engloba 28 países democráticos.

O Reino Unido entrou para o bloco em 1973 e, dois anos depois, organizou um referendo para calar os eurocéticos, com vitória da permanência. A votação desta quinta-feira dificilmente encerrará esse debate.

“Estamos em território desconhecido”, afirmou o professor Chris Bickerton, da Universidade de Cambridge e autor de “The European Union: A Citizen’s Guide”.

“A saída será um golpe muito duro para UE. Há muito tempo a moral não estava tão baixa em Bruxelas”, completou.

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