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Trabalho e resistência

A importância do trabalho na dura vida do povo nordestino

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Autor/Imagem:
Abnoan José - Texto e foto

Acordar antes do sol nascer, encarar longas jornadas no campo, na pesca ou no comércio informal. Essa é a rotina de milhões de trabalhadores nordestinos que, com coragem e perseverança, sustentam suas famílias e mantêm viva a identidade de um povo marcado pela luta e pela fé.

No sertão, o solo seco e o calor escaldante não impedem o agricultor de plantar. Com mãos calejadas, ele cuida da terra como quem cuida de um filho. “A gente planta com esperança. Mesmo que a chuva demore, a gente não desiste”, afirma Seu João, agricultor de 62 anos, morador de Canudos, na Bahia.

Nas capitais, o cenário muda, mas o espírito é o mesmo. Em Recife, a vendedora ambulante Maria Aparecida, de 38 anos, conta que o trabalho é a única forma de manter os três filhos na escola. “Eu acordo às 4 da manhã pra pegar o trem. Quando chego em casa à noite, estou morta de cansada, mas com o coração tranquilo porque estou fazendo o certo”, diz.

De acordo com dados do IBGE, mais de 70% da população economicamente ativa do Nordeste trabalha de forma informal ou em atividades ligadas diretamente à sobrevivência, como agricultura familiar, pesca artesanal e pequenos negócios. Apesar da informalidade, o trabalho para o nordestino vai além do sustento — é fonte de dignidade, resistência e expressão cultural.

A professora e socióloga Lúcia Menezes, da Universidade Federal do Ceará, destaca que o trabalho no Nordeste está profundamente ligado à identidade cultural da região. “O nordestino vê no trabalho não apenas um meio de renda, mas uma forma de se afirmar diante das dificuldades históricas. É um ato de resistência cotidiana.”

O trabalho também se manifesta na arte, na música e na literatura. A figura do trabalhador nordestino está presente nas canções de Luiz Gonzaga, nas poesias de Patativa do Assaré e nas xilogravuras do cordel.

Mesmo diante de desafios como a seca, a desigualdade social e a falta de políticas públicas eficazes, o nordestino continua trabalhando, criando, inovando — transformando cada pedaço de barro em arte, cada pedaço de chão em esperança.

A importância do trabalho na vida do nordestino vai além do salário. É o que alimenta a alma, constrói a autoestima e mantém viva uma cultura rica em coragem e poesia. Em cada trabalhador nordestino, há uma história de superação — e uma lição de vida para o Brasil inteiro.

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