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Risíveis amores em quatro atos (I)

A JORNADA CÁRMICA DE UM CONQUISTADOR INCANSÁVEL

Publicado

Autor/Imagem:
J. Emiliano Cruz - Foto Francisco Filipino

Ato-1: NO FUNDO, SEMPRE TIVE FÉ!

Ela era um sonho de mulher!

Júlio César sabia que faria qualquer coisa para conquistá-la.

Aos cinquenta anos, ele estava viúvo depois de ter suportado duas décadas de um casamento sem nenhum tipo de encantamento.

Cyntia, uma cativante e escultural loira balzaquiana, surgiu na sua vida como uma chuva de verão em meio a um asfixiante calor de quase quarenta graus e zero de umidade.

Depois de desdobrar-se por meses em mesuras, gentilezas, afagos e renúncias, só restava um obstáculo para o enlace definitivo com a sua musa, situação que ela lhe expôs de forma lamuriosa:

— JC, eu também quero muito, mas os meus pais não admitem ninguém de outra religião na família.

— Entendo! Mas e se eu me converter a sua religião?

— Você faria isso por mim? Isso não vai te trazer problemas?

— Nada que eu não possa contornar, meu amor!

— Então tá… mas você precisa fazer uma prova com o pastor antes de ser aceito.

— Eu faço! Qual é a sua igreja mesmo?

— Igreja Cristã da Salvação Cristo Única Luz!

— Ah, sim, tinha esquecido o nome completo! Bem, a minha família é católica, mas eu nunca fui praticante.

Na verdade, JC sempre foi um agnóstico que ainda não tinha saído totalmente do armário, mas isso não era relevante naquele momento.

— Mas você tem fé em Deus?

— Sim, claro, no fundo sempre tive fé!

— Que bom! Então, com certeza você será aceito na nossa Igreja, mas tem que ser aprovado na prova!

JC dedicou-se com afinco por dois meses a ler a doutrina da fé Maranata. Apesar disso, no dia da prova, colocou dezenas de mini recortes de “cola” nos braços e antebraços, só para garantir.

— O senhor está mesmo preparado?

— Preparadíssimo, pastor!

Após a correção da prova, ouviu do satisfeito pastor:

— Você realmente foi inspirado por Deus, irmão! Está aprovadíssimo, meus parabéns!

À noite, o futuro casal Maranata foi comemorar com um jantar vegano regado a suco de goiaba.

Na despedida, dentro do carro, JC tentou avançar em terreno proibido e foi delicadamente impedido e admoestado pela linda noiva:

— Não, querido, só depois do casamento!

— Claro, querida, me perdoe! Vamos marcar a cerimônia para a semana que vem?

— Hum…daqui a um mês, querido! Antes quero concluir o meu curso e ser nomeada pastora.

Passado o período sabático e concluído o curso da amada, essa deu a JC uma terrível notícia:

— Querido, fui nomeada para uma missão evangelizadora no Quênia.

— Sério? E por quanto tempo vai ficar lá?

— Cinco anos! Se você quiser, pode me esperar… mas fique à vontade! De qualquer forma, não mude, Júlio, você é uma alma pura e uma pessoa muito doce!

— Sei…quer dizer, sim, pode deixar, não mudarei!

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O segundo ato deste folhetim será publicado na sexta-feira, 10.

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