Aviso dos sem-terra
Alguém precisa dizer a Sidônio que comunicação vai além de mil palavras
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Os últimos números publicados pela Genial/Quaest apontam uma estabilização do quadro de popularidade do governo em patamares muito baixos: cerca de 57% dos entrevistados desaprovam o governo, contra 40% de aprovação. A pesquisa também apontou que a avaliação negativa pode se converter em rejeição eleitoral do presidente Lula e dificuldades num eventual segundo turno com nomes da direita que há um ano não tinham tanta expressão.
Curiosamente, a economia não é o principal motivo de insatisfação. Pelo contrário, a impressão geral da população é que houve ligeira melhora, assim como a percepção sobre a inflação dos alimentos. Outra boa notícia foi a recuperação da popularidade no Nordeste, principal base eleitoral do lulismo. Mas, como era de se esperar, o escândalo do INSS atingiu em cheio a imagem de Lula. Assim, os números mostram que o desempenho do governo está aquém das expectativas do eleitorado, perdendo também quando comparado à gestão de Bolsonaro. Ou seja, com ironia e atraso, comprova-se o diagnóstico do próprio Planalto de que sua comunicação é ruim, mesmo com as mudanças nos últimos meses.
A população está mal informada sobre os programas e propostas. A resposta do governo parece ser a de acelerar a entrega do máximo possível, especialmente para a população mais pobre. Assim, além do Pé de Meia na educação, foram lançados o Luz do Povo e o Gás para Todos, tendo por foco a redução do custo de energia, e o Mais Especialidades, para a melhoria do atendimento em saúde.
No entanto, Luís Nassif alerta que a lógica das entregas é sinal do abandono de um plano estratégico de desenvolvimento do país, deixando sem função um conjunto de instituições públicas qualificadas para realizar pesquisa e planejamento e alavancar a economia a longo prazo. Já Valério Arcary, refletindo sobre a possibilidade de reeleição de Lula, acredita que nada está perdido, mas vê um governo à deriva e que subestima as insatisfações dos trabalhadores e uma possível debandada do centrão.
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Ponto é escrito por Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile para o Movimento dos Sem-Terra