Números cabalísticos
Aliados fogem da toca de Cléber temendo novas macaquices
Publicado
emQuanto mais se aproxima o dia 17 (no bicho, é quem faz macaquices) os apoiadores de Cléber Lopes começam a sair da toca (o coelho, número 10) e correr para candidaturas mais viáveis, como quem vê que o barco está naufragando. À medida em que o tempo passa, descobre-se que quem se vende como pule de 10, tem feito papel de cavalo paraguaio. Um pangaré que, mesmo tendo saído na frente, perdeu fôlego no meio do caminho, tropeçou nas próprias patas, e trôpego, só está na luta para atrapalhar o meio de campo.
Com isso, os advogados veem crescer a polarização entre Everardo Vevé Gueiros e Paulo Poli Maurício. O entendimento geral é o de que as outras duas candidaturas são meras coadjuvantes buscando ocupar espaço na mídia de olho em uma outra eleição – a de 2026, quando estarão em jogo 24 cadeiras de deputados distritais.
As incoerências de Cléber ficaram demonstradas mais uma vez no debate realizado na Câmara Legislativa, onde o candidato da Chapa Verde, cabisbaixo, incentivou o caos generalizado. O palco teve constantes interrupções e ataques pessoais. A proposta de elevar o nível das discussões e priorizar as projetos acabou sufocada por um espetáculo de vaidades e confrontos diretos, com poucos momentos de verdadeira discussão sobre os desafios da advocacia na capital da República.
Ninguém nega que Everardo Gueiros foi o candidato que mais se destacou, não apenas por suas propostas sólidas, mas por sua capacidade de trazer seriedade ao debate. Em meio às trocas de acusações e interrupções, Vevé chamou a atenção para o papel do evento:
“Estamos aqui para discutir propostas e o futuro da advocacia. O que estamos vendo é uma vergonha para a nossa classe”, afirmou. Ao criticar Cristiane Damasceno, ele não hesitou em abordar a questão das viagens: “Pago pela OAB, Cris, com o dinheiro da Ordem, passeando. Não é possível!”.
Além disso, Gueiros enfatizou a importância de uma gestão inclusiva e eficiente, destacando que sua chapa representa verdadeiramente a diversidade da advocacia.
Já Paulo Poli Maurício, candidato da situação, postou-se excessivamente burocrático, titubeante. “Não há dívidas. Basta olhar o nosso portal de transparência. Precisamos ser sérios com a advocacia”. Essa resposta, embora direta, foi criticada por sua superficialidade e falta de embasamento. Poli, segundo quem acompanhou o debate, não apresentou detalhes ou números concretos que comprovassem a solidez das finanças da OAB. Sua defesa reforçou a percepção de que ele representa apenas a manutenção do status quo, sem oferecer soluções inovadoras para os problemas que afligem a advocacia local. Nem por isso deixou de ser visto como o principal oponente de Vevé Gueiros. Mas bater Vevé, ainda de acordo com observadores, será tarefa difícil, uma vez que a categoria prega cada vez mais o fim do continuísmo na Ordem.
Mas a situação ficou feia mesmo para Cléber Lopes, quando ele escancarou uma espécie de retrato do elitismo e da falta de sensibilidade. Ele chegou mesmo a esboçar uma postura combativa, mas suas declarações polêmicas foram um tiro no pé. Em uma de suas falas mais criticadas, atacou diretamente a inclusão de manifestações culturais em eventos da OAB: “Transformaram a entrega de carteiras numa Feira de Acari. Tocaram até rap!”, ironizou.
Essa declaração revelou um desprezo evidente pelas manifestações culturais populares e reforçou a percepção de elitismo. Cleber Lopes deixou claro que sua visão de advocacia é restrita a um grupo seleto, desconectado das realidades sociais e culturais da maioria dos advogados. Também pegou mal para ele quando foi confrontado sobre a gravação não autorizada de uma reunião privada com Cristiane Damasceno, o que gerou acusações de conduta antiética e misógina.
Sua justificativa (“Fiz o que era necessário para expor a verdade”) foi recebida com ceticismo, destacando ainda mais seu desrespeito pelos princípios básicos de ética e confidencialidade. O candidato verde também se mostrou incapaz de apresentar propostas concretas para os desafios da OAB. Quando questionado sobre como pretende lidar com o déficit de representatividade na Ordem, desviou o foco para críticas genéricas à gestão atual, sem oferecer soluções específicas. Como as chuvas continuam a cair forte sobre Brasília, e a grama está verde, a vaca, tirando um zero, está indo diretamente para o brejo.