Aurora sobre o mar
Amor que não exige retorno
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Sempre sonhei com o amor
como cavalo selvagem cruzando campos abertos,
sem mapa, sem destino,
apenas o desejo de encontrar
aquele brilho que faz a alma estremecer.
Esse sentimento que pulsa como música antiga,
que queremos guardar como relíquia viva
até o último sopro de existência.
Nem sempre ele chega,
às vezes passa como vento sem rosto,
mas há consolo em saber
que o coração soube amar com verdade.
Se eu partisse agora,
levaria comigo a dádiva de ter sentido
esse fogo sereno,
e de ter sido tocada por ele
com reciprocidade rara.
Também conheci o lado sombrio,
quando o amor brincava com minha essência,
sem devolver o gesto,
sem compreender o dom.
Outras vezes, fui alvo de afeto
que não pude acolher,
porque a centelha não acendeu,
e o corpo não tremeu.
Ainda assim, posso seguir em paz,
porque amei sem exigir retorno,
sem pesar o amor na balança da troca.
Nunca amei esperando espelho,
mas quando o reflexo veio,
foi como aurora sobre o mar.
Hoje escrevo para vocês,
companheiros de jornada:
ousem amar com coragem,
com entrega, com poesia.
Não importa se o amor volta,
ele já transforma ao nascer.
É semente que cresce por dentro,
mesmo que nunca floresça fora.
Vivam o amor como quem vive o céu,
sem querer tocá-lo,
mas sabendo que ele existe
e que é incomparável.