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Piquenique para matar

Anistia é uma brincadeira inventada por quem rejeita trabalhar pelo Brasil

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Autor/Imagem:
Mathuzalém Jr - Foto de Arquivo

De uma família que atravessa séculos, mas não é imorrível, provavelmente serei o último da dinastia. Talvez não. Não sei, nem quero saber. O que sei é que, talvez, não esteja mais por aqui no dia em que o Brasil se livrar dos malas que abriga, entre eles batedores de carteira, falsos patriotas, políticos corruptos, ex-presidentes chatos, mentirosos, faladores e metidos a mitos, mas que nunca entenderam de política, de gente, de golpes e de Justiça, ex e atuais primeiras-damas que se acham madames e gays enrustidos, aqueles que se escondem dentro de paletós de grife e atrás de Bíblias normalmente compradas nos brechós de Paris, Londres ou Nova York.

Quanto aos líderes do crime organizado, nada a declarar. O que fazer se eles são escolhidos pelo povo? Que tenham vida longa, tão longa que consigam dar tempo para que esse mesmo povo um dia perceba o que uma escolha ruim pode provocar. Os norte-americanos já devem ter percebido. Uma pena, mas não estarei aqui quando o Brasil começar a ganhar forma de pátria livre, de nação com sentimento verdadeiro de justiça e de país de todos e não de meia dúzia seduzida pelo poder e que, apoiada por formadores de opinião e distribuidores de renda, teima em querer fraudar a história nacional.

Trocaria minha existência quase milenar por um projeto nacionalista sério e sem desejos de ruptura. Diante da impossibilidade de lutar contra o tempo, torço pela extinção social (não a física) da turma que defende a tortura, a ditadura, a barbárie e que hoje se mostra desesperada para salvar um pretenso líder e todos aqueles que não aceitaram perder a eleição. Chamar as manifestações pró-anistia de inspiração para continuar lutando pela liberdade é realmente se achar acima do bem e do mal. Que a Justiça divina dê para as mulheres e homens públicos que pensam dessa forma o mesmo destino dado aos que não tiveram chance de sobreviver no período da Covid.

Sou cristão, mas entendo que os que ferem gratuitamente também merecem ser feridos sem custos excedentes para o povo. Os que saíram de suas casas no dia 8 de janeiro de 2023 não estavam brincando. A intenção nunca foi a de um piquenique regado a Fanta Uva na Esplanada dos Ministérios ou de um churrasco ao redor do espelho d’água defronte ao Palácio do Planalto. O quebra-quebra na Praça dos Três Poderes é a prova concreta de que eles, atendendo pedidos superiores, estavam ali para matar ou para morrer. Obviamente que matar era a prioridade dos vândalos inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.

Não o fizeram porque não encontraram suas vítimas preferenciais, tampouco alguém disposto a se identificar como verdadeiro patriota e enfrentar a horda marginal. Alguém tem dúvida de que sobraria algum dos nove dedos das mãos de Lula? Alguém acha que Alexandre de Moraes conseguiria salvar pelo menos uma de suas orelhas? E o que fariam com Geraldo Alckmin? Provavelmente transformariam o picolé de chuchu em um simpático mosaico de pedras portuguesas. Ou seja, a ordem era recuperar o poder a qualquer preço. Não contaram com a força do Supremo Tribunal, presidido à época pela ministra Rosa Weber. Ainda hoje há parlamentares que desejam a morte de Lula.

O deputado Gilvan da Federal (PL-ES) é um deles. O que dizer desse cidadão além de desejar-lhe o mesmo fim. Do grego amnestía, anistia significa perdão, cancelamento ou renegociação de dívidas. Com todo respeito aos familiares e amigos dos terroristas de 8 de janeiro não há que se falar em perdoar pessoas que ultrajaram a República, ameaçaram a democracia, desrespeitaram um presidente democraticamente eleito e por pouco não jogaram o Brasil em um novo período de escuridão. Se a democracia que almejavam era acabar com a liberdade de milhares de milhões de brasileiros, nada mais justo que eles a percam por 14, 16 ou 17 anos. Anistia é o carai de asa. Está na hora de acabar com a brincadeirinha inventada pelos deputados e senadores que não estão nem aí para o Brasil.

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*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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